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sexta-feira, 22 de maio de 2015

RUÍNAS DE PALMYRA, NA SÍRIA


Quando no século VII, os árabes muçulmanos entraram em Palmyra, a cidade das Palmeiras, as grandiosas ruínas desta urbe, no oásis, colocaram-lhes uma série de questões.
Quem edificara tão poderosa arquitetura com as suas numerosas colunas? Acharam que dificilmente se poderia atribuir a mão humana tão grandiosa obra, daí que se pensasse no bíblico rei Salomão como construtor, de quem se julgava ter espíritos demoníacos às suas ordens. Esta crença prolongou-se até ao século XX.

O Ocidente redescobriu Palmyra por volta de 1620, através do italiano Pietro de la Valle. A grandiosidade das suas ruínas sempre causou um grande impacto entre os visitantes, e muitos deles teceram as mais variadas considerações acerca de como Palmyra havia chegado àquele estado.
Desde tempos imemoriais que o oásis a que os Árabes chamam Tadmur oferecia uma fonte abundante de água potável, tornando possível a vida em pleno deserto. E durante o século I a.C., com o poder nas mãos de abastadas famílias de mercadores, Palmyra ascendeu a um estatuto de metrópole do deserto. Caravanas de camelos transportavam até aqui mercadorias da China, Arábia e Índia, e partiam de Palmyra com produtos oriundos de vários pontos do império romano. Graças aos tributos que lhe era imposto, este rendoso comércio encheu os cofres da famosa Cidade das Palmeiras.

A sua riqueza tomou forma numa impressionante arquitetura monumental, que contrasta com a aridez do deserto circundante, dando-lhe ainda um encanto suplementar.
Contemplando o oásis em 1917, o arqueólogo alemão Wiegrand referiu entusiasmado: “Palmyra é a paisagem heróica mais grandiosa que alguma vez vi na minha vida”.
A realização arquitetónica mais importante da cidade era o Templo de Baal, um antigo deus sírio considerado como o senhor dos céus. Esta maravilha da arte sacra, cuja edificação exigiu mais de um século, era cercada por uma imponente muralha. Quem a pretendesse contornar teria de percorrer mais de um quilómetro.    
No centro do recinto sagrado erguia-se o templo do deus, construído sobre um pódio e cercado de colunatas.
Apesar de a arquitetura seguir o cânone grego, o rito manteve-se estritamente oriental, representando, de algum modo, a união entre o oriente e o ocidente.

A grande via de colunas, com a sua porta de arco e o tetrápilo diverge do modelo greco-romano, devido às suas múltiplas mudanças de direção.
Apesar da adoção das regras clássicas, os habitantes de Palmyra permitiram-se uma certa abertura em termos urbanísticos. Templos consagrados a Nabu, deus mesopotâmico da sabedoria e da arte da escrita, ou a Baal Chamim, integram-se num reticulado de ruas que seguem o modelo grego.
Fontes ornamentais, termas e um teatro eram lugares de receção à moda mediterrânea.
Da “espargata cultural” da cidade de Palmyra no oásis dá testemunho o acampamento de Diocleciano, na parte oeste da cidade: no centro deste campo bélico com blocos de casernas, terreiro de paradas e um santuário de militar, erguia-se um templo dedicado à antiga deusa árabe, Allat.

A autonomia política foi sempre uma preocupação menor de Palmyra, comparada com a busca da independência económica. Contudo, depois de se ter separado de Roma, e, mediante campanhas vitoriosas, ter alargado as fronteiras do seu reino até ao Egito e à Anatólia Central, a rainha Zanóbia reclamou para o filho o título de imperador romano. A esta reivindicação, Roma respondeu com um contra-ataque: em agosto de 273, Palmyra foi saqueada e destruída e a poderosa rainha foi feita prisioneira e levada à força para Roma.
Seguiram-se centenas de anos de um certo adormecimento, antes de Palmyra se converter, nos séculos XVIII e XIX, num local de peregrinação para exploradores românticos e arqueólogos amadores.

Em 1980 as Ruínas de Palmyra, na Síria, foram classificadas como Património da Humanidade, dada a sua importância como um dos mais relevantes centros culturais da Antiguidade. Há dois dias, o autoproclamado Estado Islâmico tomou o controle total de Palmyra, fazendo todo o mundo temer pela integridade de um dos mais belos e bem preservados tesouros arquitetónicos do Médio Oriente.

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