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domingo, 10 de maio de 2015

EUROPA: UM BELO MOSAICO MULTICOLOR E DINÂMICO


Ontem, em Moscovo, Putin teve das ideias mais infelizes para comemorar os 70 anos do fim da II Guerra Mundial: uma parada militar monstruosa a lembrar os tempos da guerra fria, onde o medo de nova guerra impedia a verdadeira paz.
Boicotado pelos líderes ocidentais, Putin fez um discurso ressentido e ameaçador sobre o presente, falando dum património comum de valores. Aludia à paz, à democracia, ao desenvolvimento dos povos, à justiça? Nem ele teve coragem de explicitar aquilo a que se referia. Mas mostrou-nos as imagens da guerra, do ódio, de desejo de supremacia dum povo sobre outro povo, duma ideologia sobre outra ideologia.

Putin vive num mundo que já não existe. O mundo do KGB, o mundo da ameaça e do medo, o mundo das paradas militares, da luta de grandes blocos. Putin não sabe o que é a essência da paz e da democracia. Percebo o seu ressentimento porque o mundo não teme, não considera a grande Rússia, com enormes dificuldades em se perceber, em encontrar o seu papel na europa e no mundo.

Ser grande é estar em toda a parte porque nos chamam e não porque impomos a nossa presença, através de armas, de dinheiro ou do medo. Nisso os americanos entenderam sempre melhor o mundo que os russos.
Não gosto de Merkel, mas ela deu a Putin das melhores lições de História, de humildade e de grandeza humana. Depois da parada e do discurso de ontem, Merkel foi a Moscovo e depositou flores ao soldado desconhecido russo. Silenciosamente pediu desculpa aos 27 milhões de russos mortos na II Guerra Mundial, por causa do vírus nazi.

Merkel não olha para o passado para reescrever a História, mas apenas para construir um futuro diferente. Talvez não tenha a capacidade nem parceiros à altura para desfazer o enigma em que a europa se encontra, no entanto ela entende o essencial sobre o momento presente e sabe que sem paz tudo o resto deixa de fazer sentido.
A europa é hoje um grande mosaico multicolor e dinâmico, onde qualquer tentativa de domínio por parte dum povo, ideologia será sempre derrotada. O grande enigma da europa sobre o seu futuro talvez se resolva aceitando esta pluralidade de pensamentos, culturas, costumes que junta pequenas e grandes nações à volta de dois grandes padrões: a paz e a democracia.


Todavia, a paz e a democracia apenas alimentam a alma e hoje os povos europeus gritam por algo que lhes alimentem o corpo. A justa distribuição dos recursos e a justiça constituem-se como elementos fundamentais duma europa que sabe que tem direito a muito mais do que aquilo que lhe dão.
A europa é um espaço riquíssimo sobre todos os pontos de vista, falta-lhe apenas dirigentes que entendem essa riqueza, afinem os instrumentos da orquestra e permitam aos cidadãos europeus tocaram algo ainda mais belo que a 9.ª sinfonia de Beethoven.

Gabriel Vilas Boas

1 comentário:

  1. Plenamente de acordo,com a análise feita ,que tão bem descreve essa comemoração infeliz,impregnada de ameaças,quando o evento deveria ser o contrário disso...um Hino de alegria!Parabens !

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