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quinta-feira, 28 de maio de 2015

CANALETTO E A «SUA» VENEZA


Giovanni António Canal, chamado Il Canaletto (1697-1768), é um dos últimos génios do Barroco italiano. Graças ao contacto com paisagistas que estabelece em Roma, ganha muito interesse pelas cenas urbanas.
Hoje escolhi duas obras deste autor italiano do século XVIII, que estão no National Gallery de Londres, tal como acontece com a obra de Sandro Botticelli falada há duas semanas.
As obras selecionadas focam Veneza, terra natal do Canaletto.
VENEZA: A FESTA DE SÃO ROQUE
Esta obra de António Canal, mais conhecido como Canaletto, é uma das poucas em que o artista aborda uma temática diferente daquela em que se notabilizou: a paisagem.
Trata-se da festa de São Roque, que tinha lugar a dezasseis de Agosto, em comemoração do fim da terrível praga de 1576, na qual morreu Ticiano. No dia dezasseis de Agosto, o Doge ouviu missa na igreja de S. Rocco, onde aquele santo fora enterrado, a em memória da sua intercessão para acabar com a praga.
A obra de Canaletto mostra a enorme procissão de altos dignatários e embaixadores, saindo da igreja. Todos os participantes levam consigo pequenos ramos de flores que oferecem em sinal de lembrança da praga que ceifou tantas vidas.
O Doge, personagem principal da obra, fora eleito para representar a República de Veneza até 1797, ano em que o último Doge (o número 120) foi destituído por Napoleão.
Uma vez eleito, o Doge governava até à sua morte, embora não pudesse beneficiar livremente dos fundos do Estado. O Doge é sempre reconhecido pela sua indumentária, em particular com o chapéu com o nó atrás, o «corno ducal», muito típico no século XIV.
É evidente a perfeita noção que Canaletto tinha deste acontecimento, levado a cabo na sua cidade natal. É curioso a maneira como o artista retrata o Doge. Os rostos de todos eles são extremamente parecidos, sem grande pretensão em conseguir alguma expressividade.
Neste quadro destacaria dois pormenores: a grinalda que Canaletto coloca na porta principal da igreja é mais um símbolo da festa de São Roque.
O guarda-sol que cobre a cabeça e o rosto do Doge, juntamente com os pequenos ramos de flores, são dos poucos pormenores que se revelaram dignos de serem trabalhados por Canaletto.



VENEZA: O GRANDE CANAL COM A IGREJA DE S. SIMEONE PICCOLO
Esta pintura de Canaletto pertence a uma vasta série de obras do artista sobre o grande canal de Veneza.
Nesta panorâmica podemos contemplar a igreja de São Simeone Piccolo, reconstruída por Scalfarotto e benzida em 1738. Esta é uma das obras de grande dimensão tratada de um modo mais cuidado, nomeadamente em relação à luz e aos efeitos de perspetiva tão bem conseguidos.
 É impressionante observar como as casas junto ao canal se refletem nas suas águas cristalinas e azuis, sobretudo na zona esquerda da composição. Contudo, a zona direita fica submersa na escuridão. As casas são reproduções fiéis das daquele tempo. Neste sentido, a obra de Canaletto é mais uma fonte de informação acerca da época.
A barca que aparece na zona esquerda mostra uma das atrações típicas de Veneza e de que ainda hoje em dia podemos desfrutar: o passeio de gôndola. O gondoleiro que se encontro no extremo da embarcação está inclinado, a remar.
A casa que está junto ao canal, na zona esquerda da composição, mostra sinais evidentes de humidade e daí que, por tal motivo, se possa observar um conjunto de manchas.
A perspetiva criada por Canaletto nesta obra denota que possui um grande domínio da técnica, a qual aplicará na maioria das suas paisagens venezianas.


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