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domingo, 24 de maio de 2015

HOMOFOBIA


Há dois dias, o povo irlandês aprovou, em referendo, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, alargando para cerca de duas dezenas os países onde a união entre casais homossexuais é permitida.
Lentamente os diversos povos do planeta vão tratando de pôr em lei um direito vedado a muitos milhões de pessoas em todo o mundo, no entanto ainda há um largo caminho a percorrer, sobretudo ao nível das mentalidades, para que a homofobia não seja um problema sério das sociedades modernas.

Facilmente reconhecemos que todo o ser humano tem direito à sua personalidade e dignidade e que a sua orientação sexual não deve ser motivo para discriminá-lo, mas, na prática, muitos de nós continuam a discriminar, ridicularizar e impedir que casais homossexuais vivam conforme a sua orientação sexual. E isso é absolutamente inaceitável! Em certos momentos torna-se indigno e desumano, pois a maneira como certos homossexuais são tratado é de tal forma humilhante e degradante que devia envergonhar toda e qualquer sociedade que pactua com este tipo de realidade.

E este não é um problema a que não somos alheios. No mesmo dia em que os irlandeses repunham alguma justiça às suas leis, uma aluna minha escolhia o tema da homofobia como tema da sua oral. No breve diálogo que manteve no final com os colegas, referiu que tinha de ponderar bem uma putativa assunção da condição homossexual, pois tinha fundadas dúvidas sobre a reação dos colegas. Ela não estava disponível para suportar discriminações e humilhações e por isso achava que poderia ser melhor manter discreta uma relação homossexual.
Como esta jovem pensam milhares de pessoas em Portugal, o que se demonstra que a homofobia existe e está longe de ser residual.

É uma arrogância inútil, mas perigosa, queremos decidir a vida privada dos outros. Absurdo invocar argumentos culturais ou tradicionais quando em causa está um bem maior, como o direito de personalidade e dignidade.
A imposição de padrões morais é ilógica, pois em todo o mundo homens e mulheres relacionam-se de diferentes modos. O importante é respeitar os direitos fundamentais do ser humano e não permitir que aqueles que têm uma visão egocêntrica da vida voem como uma ave de rapina sobre os direitos humanos. Mesmo que a maioria seja heterossexual tem o dever de zelar pelos direitos daqueles que não o são. E zelar é não discriminar, nas pequenas e nas grandes coisas.
Muitas vezes, argumenta-se que a homossexualidade é anti natural e que atenta contra a reprodução. Curiosamente, no passado, já lhe chamaram  uma doença, mas, com o tempo, foram polindo as garras e tornaram-se aparentemente mais controlados nas objeções.
Ora cabe dizer que os homossexuais não têm nada a opor à existência de heterossexuais, simplesmente têm uma orientação sexual diferente e querem-na afirmar sem receios. Os homossexuais fazem perigar tanto a reprodução humana como os padres, as freiras ou todos aqueles que livremente decidem não ter filhos. Ultimamente o número tem crescido entre os heterossexuais… 
Além disto, o ser humano não se afirma apenas pelo instinto reprodutor. Os domínios cognitivo e afetivo são património inalienável da humanidade, que não autorizam argumentos homofóbicos baseados na alegada não naturalidade da homossexualidade.
A sociedade portuguesa como a generalidade da sociedade ocidental ainda tem um largo caminho a percorrer para expurgar a homofobia dos comportamentos sociais. Acho que a atitude correta não pode ser não tocar neste assunto por ser polémico, mas, pelo contrário, trazê-lo para o debate público.
Gabriel Vilas Boas

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