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quarta-feira, 6 de maio de 2015

O ÚLTIMO REI

A 6 de maio de 1908 a monarquia iniciava a última viagem ao comanda de Portugal. Com apenas 18 anos, D. Manuel II assumia o trono português após os trágicos atentados do primeiro dia de fevereiro desse ano, que vitimaram o pai e o irmão mais velho, deixando o país sem rei e ferindo de morte a monarquia.
Obviamente D. Manuel II não estava preparado para ser Rei e a monarquia não tinha futuro em Portugal, depois do regicídio. Foram dois anos de reinado, em que todos percebiam o que estava para acontecer: mais dia, menos dia, a República triunfaria.



Inexperiente, D. Manuel II optou por uma atuação cautelosa, mas aonde não cabia João Franco, dado que o julgava responsável pela tragédia que abalou a coroa de modo definitivo.
Aturdido pela morte do irmão e do pai, deixou correr o tempo, cumpriu a Carta Constitucional, nomeou um governo de consenso e preocupou-se com a questão social, chamando a Lisboa um sociólogo francês que o aconselhou a reorganizar o trabalho e as administrações locais. Todavia o ancestral imobilismo da máquina do Estado impediu que as ideias saíssem do papel e D. Manuel II pouco mais além foi do que das boas intenções.

O jovem, que nunca tinha pensado em ser rei, não tinha força nem astúcia suficientes para defender a monarquia do ataque final do republicanismo. A simpatia que gerou nos primeiros meses de reinado deveu-se em larga escala à sua juventude e à tragédia que ensombrou a família real e não à sua ação nem às expectativas que infundia.
 Feito o luto, percebeu-se que o país estava farto da monarquia e já não acreditava que D. Manuel fosse algum D. Sebastião. Não foi preciso mais derramamento de sangue. O último rei partiria para o exílio em paz, fechando a porta sobre mais de 750 anos de monarquia em Portugal.

Foi uma despedida suave, triste, que não deixou saudade. Provavelmente a monarquia mereceria um adeus diferente, mas na europa já sopravam outros ventos ideológicos e as histórias de reis, rainhas e princesas tinham deixado de encantar os povos que adivinhavam no horizonte as nuvens carregadas da Primeira Grande Guerra Mundial. 

Gabriel Vilas Boas

1 comentário:

  1. Falta a queda da monarquia britânica, substituída pela UR - United Republic.
    E, já agora, com uma única seleção nacional de futebol, a exemplo dos maiores países como os EUA, a China ou a Alemanha.

    As monarquiazitas escandinavas cairão como baralho de cartas...

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