Situadas junto a
Condeixa-a-Velha, as Ruínas de Conímbriga, restos de um complexo erigido entre
os séculos I a.C. a III, têm um enquadramento rural e assentam num planalto em
forma de esporão triangular, lançado sobre duas depressões, uma das quais a
Ribeira dos Mouros.
Antes da ocupação
romana já era poiso de um povo que alguns autores referem como os conii, que se
instalaram, depois, no sul de Portugal. Por aqui passava a via que levava de Olisipo
(Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), passando por Aeminium (Coimbra).
As Ruínas constituem
uma cintura muralha com cerca de 1500 metros de extensão. A entrada seria feita
por uma estrutura abobadada com duas portas – uma levadiça, outra sobre gonzos.
Esta abertura era fortificada por dois torrões.
A muralha é percorrida
por duas passagens para evacuações de águas, canalizada por uma escavação de
modo a evitar infiltrações na base da muralha.
Os romanos chegaram a
Conímbriga em 129 a.C., durante as campanhas de Decimo Júnio Bruto. A cidade
sofreu programas de urbanização com Augusto, no século I a.C., e com Vespasiano
no século I.
Nos finais do século
III deu-se a construção da atual muralha, substituindo, provavelmente, uma dos
tempos de Augusto.
No ano de 468, os
suevos assaltaram a cidade, destruindo uma parte da defesa edificada.
O complexo engloba
arquitetura religiosa, militar e civil romana. O conjunto constituído pelas
Ruínas de Conímbriga faz parte do núcleo urbano romano do Ocidente Hispânico
que integra vestígios de pré-fixação celta (anteriores ao século I a.C.) e
posterior ocupação sueva (depois do século V).
A estrutura urbanística
e respetivos espaços ordenadores resultam de três intervenções fundamentais: no
século I a.C., sob o domínio de Augusto, o fórum tardo-republicano (templo
sobre criptopórtico, basílica, cúria e lojas comerciais), as termas (de
conceção pré-augustiana), o aqueduto e um primeiro traçado urbano regular que
respeitou algumas estruturas arquitetónicas habitacionais pré-romanas.
No século I, a cidade
sofreu uma revolução urbanística, sendo destruídos e de novo
edificados, o fórum imperial, as termas vitruvianas assim como foi traçada
outra planificação urbana envolvente.
No final do século III,
a urbe foi dotada com uma muralha, que lhe reduziu o perímetro.
No capítulo da
arquitetura civil, residencial e de equipamento abundam numerosos exemplos de
edificações levantadas, remodeladas e reutilizadas desde o século I a.C. até ao
século V. Na habitação dominam as “insulae”, prédios urbanos com mais de um
piso, desenvolvidos em torno de um pátio interior, e as “domus com peristylum”,
como é o caso da Casa do Repuxo e a Casa de Cantaber.
Tanto na arquitetura
privada como na pública encontram-se abundantes materiais decorativos, com
especial destaque para os mosaicos, esculturas e pinturas murais. Entre os
vestígios de ocupação sueva, surgem ruínas do que deve ter sido uma basílica
paleocristã (séculos V e VI), fruto de transformação e reutilização de uma “domus”.
A muralha, robusta mas
extremamente rústica, mostra a urgência que houve na obra. A sua construção,
feita de blocos grossos talhados irregularmente e mal paramentados, aproveita
alguns materiais de outras construções. A altura da muralha – 5 a 6,5 metros –
permite algumas dúvidas sobre a funcionalidade militar.
O que não há dúvidas é que se trata de um local que todo o português deve conhecer para compreender a presença romana em Portugal.
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