Estão cumpridos três dos quatro
anos do mandato do governo português, que teve uma conjuntura política,
económica e social muito favorável, apesar de ser um governo minoritário.
Contou com uma
presidente da República colaborante como nenhum outro governo teve; contou com
uma oposição de direita muito suave, até porque houve mudança de líder no maior
partido da posição; contou com uma ajuda enorme dos partidos de esquerda, quer
a nível parlamentar quer a nível da não existência de conflitualidade social.
Os sindicatos nunca foram tão mansos!
Ao mesmo tempo
que contava com as boas graças da generalidade da imprensa, o governo português
não baixava a carga fiscal e até teve a lata de aumentar alguns impostos
indiretos, aproveitando a descida ocasional dos preços do petróleo. Enquanto isto
acontecia economia gerou emprego e retirou-lhe pressão social.
De uma maneira
paciente, aqueles que trabalham diretamente para o Estado português esperaram
que o governo honrasse os seus compromissos. A um ano de terminar funções, o
governo diz que não o fará! Timidamente ainda ensaiou a estafada justificação
do «não há dinheiro», mas como foi rapidamente contraditado, passou à
argumentação do «não podemos comprometer o futuro» como se não se esses
encargos não fossem esperados pelos compromissos assumidos perante professores,
enfermeiros, oficiais de justiça, polícias… com se esses encargos não
decorressem da estrutura das carreiras públicas.
Na verdade, o governo português
nunca teve a intenção de cumprir a sua palavra. Na melhor das hipóteses, o
governo português andou três anos a amealhar através de altíssimos impostos e
derrogando o cumprimento de promessas para usar essas verbas como cenourinha
eleitoral como se o povo fosse um coelho estúpido que acreditará piamente em
quem lhe mentiu repetidamente.
Acha o governo que só precisa de
escolher um coelho diferente. Haverá alguém que queira fazer de estúpido?