A argumentação do primeiro-ministro português para não pagar o que deve aos professores é muito interessante. Resume-se facilmente: "Devemos tanto que o melhor é não pagar".
É um argumentação já usada pelos maiores devedores dos bancos nacionais - quando deves 700 mil euros a um banco, tu tens um problema; quando lhe deves 700 milhões, o banco tem um problema.
A relação do governo com os professores está neste ponto. São os professores que têm um problema, não o governo. Pensar que os governos são pessoas de bem, que cumprem a lei (já não falo do que prometem quando retiram um direito ou descem um salário) é de uma ingenuidade gritante.
Hoje, um governante já nem discute a moralidade ou a legalidade das suas decisões, porque sabe perfeitamente que não tem argumentos válidos para contrapor; limita-se a jogar com as circunstâncias ou com a inveja entre profissões ou com a inércia de uma classe profissional.
Tal como escrevi recentemente, os governos fazem opções, os partidos da oposição fazem opções, os professores também têm de fazer opções. Mais do que seguir as suas simpatias políticas juvenis, os professores devem seguir aquilo que melhor defende os seus interesses, sendo que estes não são mais do que a tardia reposição de alguma justiça.
Os professores custam 600 milhões de euros por ano? Até pode ser um valor barato, porque, todos os anos, os professores ajudam a formar engenheiros, médicos, enfermeiros, informáticos, economistas... ou seja, o dinheiro neles investido é reprodutivo. O que lucrou o país com o dinheiro gasto e ainda a gastar no BES, BPN, CGD? Não lucrou nada.
Os professores também não lucram nada em achar que Costa é diferente de Passos Coelho no que aos professores diz respeito. Num certo sentido até foi pior, pois Passos tinha a troika em Portugal e não tinha nenhuma margem de manobra orçamental, já Costa não está obrigado por nenhuma troika e tem algum dinheiro para gastar. Dinheiro que não é dele, mas de todos os portugueses!
Os professores precisam de fazer sentir a António Costa que 600 milhões de euros até era um bom negócio. Daqui a um ano havemos de ficar mais caros.
GAVB
Ontem li que nos últimos 10 anos, o dinheiro dado pelo Estado aos bancos, davam para 23 pontes Vasco da Gama... será?
ResponderEliminarEu concordo com tudo o que FPI escrito. No entanto, "palavras, levam-as o vento" Agora é preciso que a nossa classe se una e tenha voz para mudar.
ResponderEliminarLevam-nas...
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