Não
me parece que aquela gente esteja particularmente zangada com o líder do
Governo, mas o «não convite» a António Costa não foi um esquecimento. A dor que
atingiu aquelas pessoas fê-las perceber que só quem é totalmente genuíno pode
ter a honra de homenagear aqueles que morreram por causa da falta de protecção civil.
Marcelo
soube entender a dor profunda daquela gente muito para além do cargo que ocupa.
Percebe-se isso em cada gesto, no tom de voz, na influência pequena ou grande
que move, na autoridade com que encosta o governo à parede da sua
responsabilidade.
A
Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrogão não convidou o Presidente da
República de Portugal, mas antes Marcelo Rebelo de Sousa, que, «por acaso»
ocupa o mais alto cargo da nação. Marcelo sabe perfeitamente quando tem que ser, antes de mais, um compatriota, um amigo, o mar imenso onde desaguam todos os
rios de tristeza, infortúnio e desespero. Não é apenas um dom, é saber ser
genuíno quando é absolutamente imperioso que o seja.
Ser
genuíno é das coisas que António Costa tem mais dificuldade em ser. Ele o
protótipo do político que não se compromete, que faz o discurso certo e
recomendado nos livros de ciência política, mas um povo precisa mais do que
isso. Precisa de gente com alma, gente em quem possa confiar sem que seja
preciso uma lei, uma carta assinada ou uma maioria que o empurre. Um povo
precisa de sentir que para o seu líder palavra dada é palavra honrada. Com
António Costa isto é pouco mais do que um chavão com muitos asteriscos.
GAVB
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