A Confap (Confederação Nacional das Associações de Pais) «ameaça» sair em defesa dos contratos de associação, que é como quem diz das escolas privadas em detrimento das escolas públicas.
Ao ver o incómodo da Confap com a luta dos professores pelos seus direitos sociais e profissionais, ocorre-me a mais básica das perguntas:
O que é que a Confap tem que ver com uma luta entre professores e a sua entidade patronal?
Acho que muito pouco ou mesmo nada. Andam nervosinhos porque as notas dos filhinhos ainda não saíram? Não é necessário tanto nervosismo. Os professores darão as justas notas aos seus filhos, mas detestam que os ameacem.
Ao ameaçar defender o ensino privado em relação ao público a Confap está a «confessar» algumas verdades que todos intuíamos.
A Confap acha que os professores do ensino privado não fazem greve por mais espezinhados que sejam porque quem manda nos colégios é a vontade dos pais;
a Confap acha que os professores devem comer e calar, por mais miseráveis que sejam os seus salários e por maiores que sejam os atropelos aos seus direitos;
A Confap pensa que o direito à greve é algo arcaico e que jamais deve ser utilizado com eficácia, especialmente se isso aborrecer os papás ou os meninos que ficam com a sua vidinha um pouco indefinida durante duas ou três semanas. Já o facto dos professores terem a sua carreira congelada há mais de nove anos é assunto sem relevância social;
A Confap não representa 10% dos encarregados de educação dos alunos portugueses, mas acha-se no direito de ameaçar os professores, possivelmente porque a sua força não está na sua representatividade mas na capacidade de fazer lobby junto do ME;
A Confap não se preocupa com as condições de trabalho de quem ensina os seus filhos, porque sabe que a dignidade profissional dos professores é coisa séria e que não está à venda nem se troca por qualquer subsídio do ME.
A greve dos professores às avaliações tem sido ótima para descobrirmos a face de alguns agentes do sistema educativo português. Ao ver o discurso da Confap começo a achar que encontraríamos maior sentido de responsabilidade e verdade no meio das associações de estudantes.
Acho que eles nunca diriam que 2+2 = 22, por muita pena que tivessem que o colega não transitasse de ano.
GAVB
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