Etiquetas

sábado, 2 de junho de 2018

PARA GOVERNAR JÁ NÃO É PRECISO GANHAR

        
         Na verdade, para governar sempre foi preciso ter maioria. O problema raramente se pôs, nas últimas décadas, porque o partido vencedor ora ganhava com maioria absoluta, ora a conseguia com a ajuda do seu parceiro ideológico mais pequeno.
           
Entretanto os governos (e as oposições também) foram desgostando tanto as sociedades, para as quais deviam governar, e não governar-se, que chegamos a uma situação pouco comum – forças políticas que ficam em 2.º ou 3.º lugar nas eleições acabam a governar.
A questão que me coloco é se isso defende a democracia. As várias geringonças encontradas para formar governo traduzem a vontade dos eleitos? 
Olhando para o caso português, muitos dirão que sim, embora tal não seja absolutamente certo. Mas olhando para o caso espanhol, onde o partido socialista tem menos cinquenta deputados que o partido mais votado, parece-me que não. O novo governo de Pedro Sánchez é sustentado num conglomerado de interesses, que o eleitorado espanhol jamais imaginou e que dificilmente hoje daria cobertura.  

À ânsia de chegar ao poder a todo o custo, usando engenharias jurídicas e legais, juntou-se a pouca probidade de quem governava. Entretanto os povos, desgostosos, têm de continuar a aceitar ser governados por oportunistas ou desonestos, que competem ferozmente entre si pelo prémio do pior do ano.
O sistema de um governo assente numa maioria parlamentar sempre me pareceu a melhor solução; no entanto, a realidade tem demonstrado que, por vezes, esta fórmula de constituir governo trai a vontade popular. 
Não estará na altura de deixar governar quem ganha, independentemente de ter maioria ou não? Ainda que para isso tivéssemos de proibir as coligações pré-eleitorais e aumentássemos o poder legislativo dos governos.
GAVB


Sem comentários:

Enviar um comentário