Argumentar/persuadir é a capacidade de convencer o outro
pela força dos nossos argumentos. Quem entra numa discussão (por mais polémica
que seja) de boa fé, sabe que deve falar e que deve ouvir e tanto deve admitir
convencer como ser convencido.
O que mais me entristece é que a maioria dos
participantes em debates públicos não admite “ser convencido” e confunde isso
com “perder”. Não é a mesma coisa! Como não é a mesma coisa termos simpatia por
uma fação e ser justo que essa fação consiga os seus intentos.
Por norma, os grandes debates públicos não são um jogo, em
que os mais habilidosos vencem independentemente do mérito da sua proposta. Os
debates que interessam às populações mexem com a vida das pessoas, influenciam
a sua atuação social e familiar. Devemos olhá-los com respeito.
O respeito
começa logo ao estar ao corrente das reivindicações de um lado e da
contra-argumentação do outro; o respeito continua ao deixarmos de lado os nossos
preconceitos, a favor ou contra, sobre determinada classe profissional.
Respeito é igualmente pormos de lado as graçolas ofensivas e ainda apenas
debitarmos posições racionais e conhecedoras de todos os elementos em debate.
A carreira dos professores é aquilo que é. Privilegiada para
uns, adequada para outros, insuficiente para muitos. No entanto, existindo, é
como a lei – tem de ser aceite. Não podemos fazer como o rei Filipe IV, de
França, que ao verificar que devia tanto aos Templários, os ilegalizou,
perseguiu e matou, confiscando-lhes os bens. Todo o acusado / devedor gostaria
de chegar a tribunal e dizer:
“- A lei diz
que devo? Que tenho de pagar? Então, mude-se a lei e com efeitos retroativos”.
Quando este tipo de argumentação vingar, qualquer lei deixa de fazer sentido.
Sempre que os professores suscitam a questão de ganharem o
mesmo (ou até menos) há vários anos, há um conjunto de pessoas, com tempo de
antena, que se acha no direito de vomitar algumas mentiras:
- Eles progridem
automaticamente, ignorando que há avaliação, aulas assistidas, formação
obrigatória e avaliada;
- Eles ganham de mais,
esquecendo que há professores, com vinte anos de serviço, que nunca passaram os
mil euros de ordenado e mesmo assim, pagam casa arrendada, portagens e gasolina
para irem trabalhar a duzentos quilómetros de casa;
- Eles não fazem
nenhum, embora sejam incapazes de descrever o dia-a-dia de um professor do
século XXI, pensando que ser professor é aquela atividade que o seu professor
primário fazia, há cinquenta anos, na aldeia onde nasceram;
- Eles ensinam mal,
ignorando que todos os bons profissionais que o país tem só existem porque
houve e há bons professores;
- O que eles fazem
qualquer um faz, ainda que não saibam exatamente o que o professor faz,
como o faz e nas circunstâncias em que o faz.
GAVB
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