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segunda-feira, 25 de junho de 2018

SERÃO AS MULHERES SAUDITAS O SÍMBOLO DA MUDANÇA NO MÉDIO ORIENTE?




Mohammed bin Salman é um nome que vamos ter de aprender e um personalidade que teremos de estudar com muita atenção. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, um dos regimes mais fechados e ortodoxos dos mundo, começa a ser notícia em todo o mundo pelas simbólicas transformações socais que está a empreender no seu país, permitindo às mulheres sauditas alguns direitos tão básicos mas profundamente simbólicos como a autorização para conduzirem, assistirem a jogos de futebol ou irem ao cinema (este ainda em estudo). 

São sinais apenas, porque o príncipe sabe perfeitamente com que linhas se cose a mentalidade do seu país e não quererá repetir os erros de Reza Pahlavi, o último Xá iraniano que perdeu o poder quando tentava modernizar e secularizar o Irão. Também ele quis impor importantes transformações sociais, políticas e económicas, destacando-se o direito de voto às mulheres. Em 1979, os clérigos xiitas e os fundamentalistas islâmicos derrubaram-no e a revolução branca vestiu o véu negro, até hoje.

Mohammed bin Salman não quer ser o novo Reza Pahlavi, por isso age com precaução, tentando que a sociedade saudita assimile cada uma das suas icónicas reformas sociais antes de avançar para as seguintes. Estas reformas têm como objetivo ganhar a população, que é maioritariamente jovem (70%), e quer mudanças, porque a ideia de sociedade que a religião lhes impõe não a satisfaz.
Ao mesmo tempo que faz estas alterações para captar a simpatia nacional e internacional, o príncipe herdeiro já mandou prender ex-ministros, alguns dos homens mais ricos do país e onze príncipes do reino, por alegados crimes de corrupção.
Paralelamente Mohammed bin Salman trabalha com o Egito e com a Jordânia na criação de uma zona económica independente, avaliada em mais de 500 mil milhões de dólares.

Se for bem-sucedido, Salman será aclamado pelo seu povo e admirado em todo o Médio Oriente; na Europa e na América todos se curvarão perante o novo senhor das Arábias que trouxe de novo o Islão moderado, sem precisar de instalar a democracia nem verdadeiramente implementar os direitos humanos entre os seus.  
Quando não temos nada, facilmente confundimos um sinal de boa vontade com o estabelecimento de um direito fundamental. As mulheres sauditas não podem ser apenas um símbolo útil de uma mudança aparente no Médio Oriente. Por isso, o mundo ocidental tem que ter a astúcia e a coragem de um Mohammed bin Salman para lhe exigir, quando subir ao poder, que as mulheres não conduzam apenas até ao cinema mais próximo, mas também até à dignidade a que têm direito.
GAVB

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