Mohammed bin Salman é um nome que
vamos ter de aprender e um personalidade que teremos de estudar com muita
atenção. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, um dos regimes mais fechados e ortodoxos
dos mundo, começa a ser notícia em todo o mundo pelas simbólicas transformações
socais que está a empreender no seu país, permitindo às mulheres sauditas
alguns direitos tão básicos mas profundamente simbólicos como a autorização
para conduzirem, assistirem a jogos de futebol ou irem ao cinema (este ainda em
estudo).
São sinais apenas, porque o príncipe sabe perfeitamente com que linhas
se cose a mentalidade do seu país e não quererá repetir os erros de Reza Pahlavi,
o último Xá iraniano que perdeu o poder quando tentava modernizar e
secularizar o Irão. Também ele quis impor importantes transformações sociais,
políticas e económicas, destacando-se o direito de voto às mulheres. Em 1979,
os clérigos xiitas e os fundamentalistas islâmicos derrubaram-no e a revolução
branca vestiu o véu negro, até hoje.
Mohammed bin Salman não quer ser
o novo Reza Pahlavi, por isso age com precaução, tentando que a sociedade
saudita assimile cada uma das suas icónicas reformas sociais antes de avançar
para as seguintes. Estas reformas têm como objetivo ganhar a população, que é maioritariamente
jovem (70%), e quer mudanças, porque a ideia de sociedade que a religião lhes
impõe não a satisfaz.
Ao mesmo tempo que faz estas
alterações para captar a simpatia nacional e internacional, o príncipe herdeiro
já mandou prender ex-ministros, alguns dos homens mais ricos do país e onze
príncipes do reino, por alegados crimes de corrupção.
Paralelamente Mohammed bin
Salman trabalha com o Egito e com a Jordânia na criação de uma zona económica
independente, avaliada em mais de 500 mil milhões de dólares.
Se for bem-sucedido, Salman será
aclamado pelo seu povo e admirado em todo o Médio Oriente; na Europa e na América todos se curvarão perante o novo senhor das Arábias que trouxe de novo
o Islão moderado, sem precisar de instalar a democracia nem verdadeiramente
implementar os direitos humanos entre os seus.
Quando não temos nada, facilmente
confundimos um sinal de boa vontade com o estabelecimento de um direito
fundamental. As mulheres sauditas não podem ser apenas um símbolo útil de uma
mudança aparente no Médio Oriente. Por isso, o mundo ocidental tem que ter a
astúcia e a coragem de um Mohammed bin Salman para lhe exigir, quando subir ao
poder, que as mulheres não conduzam apenas até ao cinema mais próximo, mas também
até à dignidade a que têm direito.
GAVB
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