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segunda-feira, 15 de julho de 2019

A CEGUEIRA DO ÓDIO

Começam a faltar palavras para descrever os constantes atropelos de Donald Trump às mais elementares regras da democracia e da civilização. Desta vez, o presidente dos Estados Unidos da América lançou-se num feroz ataque contra quatro congressistas progressistas democratas, que tiveram o desplante de criticar a sua política de imigração.

O alvo do ataque foram a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, de origem porto-riquenha, lhan Omar, nascida na Somalia, Rashida Talib, de origem palestiniana e Ayanna Pressley, afro-americana.


Sem tento nem papas na língua, como é seu hábito, Trump mandou-as "voltar para os seus países" e "resolveram os problemas desses locais corruptos e infestados de crime". 


O problema é que três delas nasceram nos EUA. Na cegueira do ódio contra todos aqueles que o criticam, Trump esqueceu-se de que as visadas do seu ataque abertamente racista são tão norte-americanas como ele  e que "resolver os problemas do seu país" é precisamente o que elas tentam fazer ao criticar as políticas xenófobas, discriminatórias e desrespeitadores dos mais básicos direitos humanos da sua administração.

Ricardo Ramos, jornalista, CM.

terça-feira, 12 de junho de 2018

CIMEIRA COREIA DO NORTE - EUA: UMA GRANDE VITÓRIA DA CHINA



Há pouco mais de um ano escrevi que a China ia entregar a Coreia do Norte a Trump (https://setepecadosimortais.blogspot.com/2017/05/a-china-vai-entregar-coreia-do-norte.html

Um ano volvido, os inqualificáveis Donald Trump e Kim Joung-un assinaram um improvável tratado de paz e cooperação, que pressupõe a desnuclearização total da Coreia do Norte em troca de alguns prisioneiros. Parecia quase impossível isto acontecer, face à personalidade dos dois líderes e aos sucessivos falhanços anteriores.

Como foi isto possível? Penso que a China teve um papel fundamental. Com a escalada de ameaças entre coreanos e norte-americanos, os chineses perceberam que tinham um grande problema entre mãos, porque a Coreia é o seu brinquedo comunista de estimação, mas nos EUA estão enterrados os maiores investimentos chineses.
Como sair deste imbróglio sem perder a face, que neste caso passaria por obrigar a Coreia do Norte a capitular? Forçar um acordo, em que os americanos ganhassem em toda a linha, mas em que Kim mantivesse o poder. A sorte dos chineses foi a personalidade espalhafatosa de Kim Jong-un e Donald Trump, que viram neste acordo uma oportunidade única de fazer algo credível e com impacto mediático.

Provavelmente foram os chineses que fizeram ver a Kim Jong-un que a única maneira de se manter no poder seria fazer um acordo com Trump. 
A pouca relevância internacional de Kim permite que não seja muito ultrajante esta capitulação, até porque aquilo que ele fez é o correto.
O primeiro sinal deste desfecho foi dado pela reaproximação entre as duas Coreias. Depois, a diplomacia chinesa fez o resto, na sombra e com paciência.
O envolvimento chinês é tão óbvio que, poucas horas após a assinatura do acordo, já est a pedir a suspensão das sanções à Coreia do Norte.
Incrivelmente, são os chineses a liderar geopolítica mundial. Esperamos que os seus planos sejam contidos.
GAVB

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

OS AMERICANOS FORAM ENGANADOS PELOS RUSSOS, MAS CULPAM O FACEBOOK



Agora que se tornou mais que evidente que os russos conseguiram influenciar as eleições americana, ajudando à escolha de Donald Trump, através da inundação do facebook com falsas notícias/factos, os americanos começam a perceber o efeito nocivo das redes sociais.

Foi preciso o brinquedo estoirar-lhes nas mãos para perceberem que as redes sociais têm imenso poder, e que este tanto pode ser usado para o bem como para o mal. Os russos adoram mostrar como os americanos são uns tolos e por isso enganaram-nos através dos seus gananciosos brinquedos de fazer dinheiro.

É comovedor com há pouco dias um ex-administrador do Facebook se diga “tremendamente arrependido” por ter participado na construção de algo que ajuda a destruir a “forma como a sociedade funciona”. Mas soam a lágrimas de crocodilo, pois o próprio Chamath Palihapitiya acaba por confessar que dentro da empresa “no fundo todos sabiam que algo de mal podia acontecer”. O homem que teve a função de aumentar o número de utilizador do Facebook confessa, por outras palavras, que a administração do Facebook tinha consciência que estava a ser usada pela Rússia para favorecer a eleição de Trump, mas não conseguiu ou não quis parar o processo.

Nem sei qual é pior. Se podia e não fez, é que porque a ganância submergiu por completo alma de Zuckerberg; se tinha consciência da manipulação mas não a conseguiu parar é porque já não domina o monstro que criou.
Agora que os americanos percebem quanto estúpidos foram ao eleger Trump, o Facebook é o diabo que “explora as vulnerabilidades psicológicas do ser humano”. Mas isso já todos nós sabíamos e os americanos também. Eram (são) essas as regras do jogo, para quem decide aderir a uma rede social. Tornaram-se más para os americanos, porque os atingiu violentamente.


Embora os americanos comecem a abrir a pestana, ainda falham o alvo: o problema não é das redes sociais, mas deles – são demasiado estúpidos, querendo parecer muito espertos. Falta-lhe uma grande dose de humildade para distinguir o acessório do essencial. Enquanto continuarem a culpar a máquina em vez da sua mentalidade arrogante e tolinha continuarão a ser enganados facilmente por qualquer filho de Putin que suceda a este.
GAVB

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A REVOLUÇÃO DO AYATOLLAH

No dia 1 de Fevereiro de 1979, o Ayatollah Ruhollah Khomeini chega ao aeroporto de Teerão, vindo do exílio, em Paris e dispara:
«Esta gente [o governo interino do Irão] está a tentar trazer o xá de volta. Vou arrancar-lhes os dentes. Doravante, serei eu a nomear o Governo. Fá-lo-ei com o apoio de todo o país.»

Khomeini tinha passado quinze anos no exílio por ordem do regime iraniano do xá Reza Pahlavi. Durante este tempo o governo do xá, que sempre contou com o apoio dos EUA, mostrou uma panóplia de predicados inconvenientes, destacando-se a corrupção e a repressão.

O clero xiita, que detestava a mentalidade ocidentalizada do regime, tratou de instigar o povo à revolta e ao fim de dois anos de intensos protestos, o governo do xá passou a pasta a um governo interino chefiado por Shapour Bakhtiar. Quinze dias antes do Ayatollah chegar, Reza Pahlavi teve de partir.
Pensando que acalmava os xiitas, Bakhtiar convidou Khomeini a regressar. Ainda em Paris, este parecia pouco ambicioso: «Não serei presidente nem aceitarei qualquer cargo de liderança. Tal como antes, limitarei as minhas atividades a orientar e dirigir o povo.», mas mal chegou a Teerão, o discurso mudou radicalmente!
Ainda no avião o Ayatollah já deixava aos jornalistas indicações do que pensava: «Nós não veneramos o Irão, nós veneramos Alá. Porque o patriotismo é outro nome para paganismo.»
É escusado dizer que o governo interino caiu logo de seguida. O Ayatollah convocou um referendo e, com 98% de apoio popular, instalou a república islâmica, baseada na Sharia.

Ainda um ano não tinha decorrido e já Khomeini (que só queria ser o líder espiritual dos iranianos) já era oficialmente «O Chefe Supremo da revolução» e lançava uma feroz e brutal caça às bruxas. Os americanos passaram a ser a personificação do diabo e tiveram de montar uma operação rocambolesca para retirar, de Teerão, com vida, o corpo diplomático, como muito bem o demonstrou o filme Argo.

Trinta e oito anos depois, a história parece escrever-se ao contrário. Há poucas horas, o líder iraniano, Rouhani, chamou a Trump um “novato da política”. Um dia destes ainda vai ter de encomendar Ben Affleck uma missão de repatriamento de iranianos a viver na América de Trump, porque, nos dias de hoje, é quase tão perigoso ser iraniano em Nova Iorque como o tinha sido ser americano, em Teerão, em Fevereiro de 1979. 
Nesta altura, Trump é o melhor do extremismo dos ayatollahs.
GAVB

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O PREÇO DA COCAÍNA VAI SUBIR EM FLECHA


Donald Trump pretendia humilhar os mexicanos fazendo-os pagar o muro da vergonha que vai erigir, ao longo da fronteira, que separa os dois países. Como é óbvio, o México não vai pagar coisíssima nenhuma e Trump já retaliou, lançando um imposto de 20% sobre os produtos provenientes do México. Está dado o mote, este vai ser o estilo da política americana, com a administração Trump.
O homem que chamou aos mexicanos criminosos, delinquentes, traficantes de droga promete fazer uma lista semanal dos crimes cometidos por imigrantes, numa das medidas mais xenófobas de que há memória. Provavelmente, teremos uma réplica noutra latitude qualquer; Trump retorquirá como um miúdo mimado, habituado a brincar com armas de fogo e o mundo tornar-se-á na mais perigosa geringonça dos últimos cinquenta anos.

A perseguição de Trump aos mexicanos quase que nos recorda o ódio que Hitler tinha aos judeus. Não duvido que Trump imponha altos impostos aos produtos mexicanos, rasgando todos os tratados comerciais em vigor, mas é bom lembrar que esses produtos vão ficar mais caros aos… norte-americanos. É certo que os mexicanos precisam do comércio com os EUA como de ar para respirar, mas a atitude do presidente dos EUA trará solidariedades várias e por certo não ficarão isolados.

É provável que as medidas de Trump tenham um efeito boomerang mais cedo do que Trump espera. Infelizmente para os mexicanos e para os norte-americanos, o México é o principal fornecedor dos vícios dos «yankees». Muita da droga que os americanos consomem entra pela porta mexicana. As ideias de Trump vão provocar, literalmente, uma enorme ressaca em Hollywood, Nova Iorque ou Washington. Não me admira nada que os mexicanos enviem todos os meses a Trump uma lista pormenorizada de ilustríssima gente que se vai abastecer de pó branco ao outro lado do muro. Talvez até façam algumas detenções espetaculares… só para ter cromos para a troca.
Gabriel Vilas Boas  


quinta-feira, 28 de julho de 2016

O SONHO AMERICANO

 


Hoje a minha filha perguntou-me o que era o sonho americano. Sucintamente falei-lhe em "ter sucesso", em "ser próspero", em viver em liberdade, mas esqueci-me de outros valores fundamentais como a igualdade de oportunidades e a mobilidade social.
O Sonho Americano está enraizado na Declaração da Independência dos Estados Unidos que proclamou que todos os homens são criados com direito à vida, liberdade,  prosperidade e a busca pela riqueza.
Por coincidência, o presidente Obama também falou ontem do sonho americano para dizer que "nenhum muro travará o sonho americano", referindo-se à acéfala intenção de Donald Trump de construir um muro, na fronteira com o México, com o intuito de travar a emigração ilegal vinda do sul.
Também Trump fala do sonho americano, mas o dele é bem diferente do american dream do primeiro presidente negro dos EUA.
Para o candidato republicano, a personificação do sonho americano é ele próprio: ser rico, próspero e exercer o poder como um líder. Essa coisa da liberdade também é bem vinda senão atrapalhar muito o plano de enriquecer rapidamente.
Já a igualdade de oportunidades é coisa que diz pouco a Trump e muito a Obama.
 Também Obama personifica o sonho americano, mas na vertente da efetiva igualdade de oportunidades. Obama preocupa-se genuinamente com os outros e nos seus mandamentos milhões de americanos puderam sentir pela primeira vez o gostinho do sonho americano; já Trump preocupa-se com o seu ego, com o seu sucesso.
 É há muitos americanos que pensam como ele, que agem como ele, que gostariam de construir muros em vez de pontes. Apenas são pouco corajosos e escondem-se atrás de um pseudo líder como Trump.
Aquilo que mais gosto no sonho americano é a igualdade de oportunidades, ainda que isso permita a uma destituída e infeliz personagem como Donald Trump candidatar-se a presidente dos Estados Unidos.
Gabriel Vilas Boas.