Etiquetas

Mostrar mensagens com a etiqueta Barack Obama. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Barack Obama. Mostrar todas as mensagens

sábado, 20 de janeiro de 2018

O DIA EM QUE A AMÉRICA SE ENCONTROU COM A HISTÓRIA E TEVE UM PRESIDENTE NEGRO


A História dos EUA está umbilicalmente ligada à luta dos negros pela igualdade de direitos face aos brancos. Essa luta, que também é a luta do ser humano contra um dos seus demónios mais persistentes, teve vários momentos importantes entre os quais está a eleição de Barack Obama em 2008.
A 20 de janeiro de 2009, Obama tornou-se oficialmente o primeiro negro a ocupar o cargo de Presidente dos EUA. A longa marcha dos negros americanos chegava ao fim, mas o desafio de Obama era outro: transformar em atos os bonitos discursos que marcaram a sua ascensão política. Ainda que não tenha desiludido, Obama não encantou, até porque o tempo era de lenta recuperação económica e a dura realidade dos números não permitia heroísmos de outros célebres presidentes.
Recupero hoje parte do seu discurso, porque a América que elegeu Trump precisa de o ouvir outra vez.

«Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que sua grandeza nunca é um dado adquirido. Ela tem de ser conquistada. O nosso percurso nunca foi de atalhos nem de nos contentarmos com pouco. Não foi o percurso dos timoratos – dos que preferem o ócio ao trabalho ou procuram apenas os prazeres dos bens materiais e da fama. […]

Porque sabemos que o nosso legado heterogéneo é uma força, não uma fraqueza. Somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não de crentes. Fomos moldados por todas as línguas e culturas, trazidos de todos os cantos desta terra; …»

quinta-feira, 28 de julho de 2016

O SONHO AMERICANO

 


Hoje a minha filha perguntou-me o que era o sonho americano. Sucintamente falei-lhe em "ter sucesso", em "ser próspero", em viver em liberdade, mas esqueci-me de outros valores fundamentais como a igualdade de oportunidades e a mobilidade social.
O Sonho Americano está enraizado na Declaração da Independência dos Estados Unidos que proclamou que todos os homens são criados com direito à vida, liberdade,  prosperidade e a busca pela riqueza.
Por coincidência, o presidente Obama também falou ontem do sonho americano para dizer que "nenhum muro travará o sonho americano", referindo-se à acéfala intenção de Donald Trump de construir um muro, na fronteira com o México, com o intuito de travar a emigração ilegal vinda do sul.
Também Trump fala do sonho americano, mas o dele é bem diferente do american dream do primeiro presidente negro dos EUA.
Para o candidato republicano, a personificação do sonho americano é ele próprio: ser rico, próspero e exercer o poder como um líder. Essa coisa da liberdade também é bem vinda senão atrapalhar muito o plano de enriquecer rapidamente.
Já a igualdade de oportunidades é coisa que diz pouco a Trump e muito a Obama.
 Também Obama personifica o sonho americano, mas na vertente da efetiva igualdade de oportunidades. Obama preocupa-se genuinamente com os outros e nos seus mandamentos milhões de americanos puderam sentir pela primeira vez o gostinho do sonho americano; já Trump preocupa-se com o seu ego, com o seu sucesso.
 É há muitos americanos que pensam como ele, que agem como ele, que gostariam de construir muros em vez de pontes. Apenas são pouco corajosos e escondem-se atrás de um pseudo líder como Trump.
Aquilo que mais gosto no sonho americano é a igualdade de oportunidades, ainda que isso permita a uma destituída e infeliz personagem como Donald Trump candidatar-se a presidente dos Estados Unidos.
Gabriel Vilas Boas.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

BARACK OBAMA




Faz hoje seis anos que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos da América. Naquele frio dia de outono, a América de George Washington,  Luther King, Roosevelt e Lincoln elegia o primeiro presidente negro da sua História e terminava com mais um tabu que a fazia corar de vergonha perante o mundo de quem quer ser exemplo moral.
Eleito sob o lema “Yes, We Can”, Obama representava o orgulho da população negra americana, e também da branca, que queria eleger um presidente negro para matar definitivamente a acusação de preconceito racional de que subliminarmente era acusada.
Obama era o ideal. Liberal q.b., como qualquer Democrata, ele era o sedutor das massas, o mago da oratória, que trazia a confiança no discurso e prometia fazer regressar os soldados americanos do Iraque e do Afeganistão e fechar Guantánamo. Prometia recuperar a economia, criando emprego, travando a recessão ao mesmo tempo que garantia aos pobres o regresso do sistema nacional de saúde e educação.


Qualquer analista mediano diria que Obama era um lírico, mas a América é a terra dos sonhos e o ser humano adora histórias, onde os heróis fazem as coisas mais improváveis. Por isso, em todo o mundo se acreditou que “they can”, embora todos soubéssemos que não havia garantia nenhuma que isso acontecesse.
Um dos fatores que ajudou a eleger Obama foi a crença, justa, que ele não era um radical. Obama tinha e tem bom senso e por isso decidiria racionalmente o que era melhor para a América.
Em poucos meses, o Presidente despertou brutalmente para a realidade. Havia que tirar os EUA da recessão que a bebedeira bolsista em que a Era Bush tinha afundado o país. Obama foi ao Bank of China pedir um empréstimo a longo prazo, a juros de amigo, que salvassem o velho oeste. Como garantia ofereceu a credibilidade americana e uma governação que não afrontaria o capital. Não tinha outra solução.
Entretanto, os americanos descobriam que o seu presidente falava bem, mas isso não lhes enchia os bolsos nem lhes permitia passar férias fora de casa. Não haveria truque mágico, mas todas as promessas seriam para cumprir… se possível! Ora como acontece com qualquer homem normal (e Obama é um homem normal) cumpriu-se o que se pôde!
Talvez por isso, seis anos depois da primeira eleição, haja uma indisfarçável sensação de desilusão e desencanto, não só na América como no mundo. Obama é um presidente bem-intencionado, determinado, convincente, mas não é um homem extraordinário como as circunstâncias da América o exigiam. E mesmo que fosse, não era certo que conseguisse vencer a maioria dos trabalhos de Hércules com que se deparava.

Curiosamente, acho que Obama teve pior na política externa do que na política interna, ainda que os americanos lhe cobrem mais por aquilo que não fez no país do que aquilo que fez mal internacionalmente.
Nas relações internacionais, Obama esteve péssimo! Pôs os serviços secretos a espiar os velhos aliados europeus, minando a relação de confiança existente, e deixou que o Estado Islâmico crescesse e aparecesse a degolar americanos como sobremesa dos telejornais. Saiu do Iraque como prometera, mas teve de continuar no Afeganistão, porque não se acaba uma intervenção militar naquela zona do globo como se apaga a luz do escritório no final de mais uma jornada de trabalho. Obama permitiu que os militares egípcios colocassem no poder a Irmandade Muçulmana, o que ainda vai causar muitas aflições aos ocidentais, no futuro. Barack Obama ordenou uma intervenção militar na Líbia, mas isso em nada resolveu o problema da região e apenas contribuiu para aumentar a ideia de impotência da política externa da administração Obama, até porque a Rússia e o Irão continuam a rir-se das ineficazes sanções económicas dos EUA.
Em resumo, e para ser simpático, na política externa, Obama foi naif e inábil.


Dentro de portas, Barack Obama foi apenas razoável, quando a expectativa era enorme. Conseguiu devolver dignidade a muitos compatriotas, levando em frente o seu projeto de saúde pública para todos, conhecido como “Obamacare”. Foi corajoso quando se mostrou favorável à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi coerente, na tentativa, ainda não conseguida, de legalizar onze milhões de clandestinos através duma nova lei da imigração.
O problema de Obama foi que a classe média não recuperou qualidade de vida e hoje não sai do patamar de “remediada”. Todos esperavam que Obama fosse o novo herói americano, que o presidente não foi, não é nem nunca será. Obama fez dois mandatos esforçados, honestos e razoáveis.

Talvez seja tempo da América e do mundo perceberem que o século XXI será daqueles que enfrentarem os desafios e as dificuldades coletivamente, pensando resolver os seus problemas com união, trabalho e paciência.
Obama tinha dito “we can”, mas os americanos acharam que ele ia fazer o trabalho sozinho, but he can’t.

Gabriel Vilas Boas