Donald Trump pretendia humilhar os mexicanos fazendo-os
pagar o muro da vergonha que vai erigir, ao longo da fronteira, que separa
os dois países. Como é óbvio, o México não vai pagar coisíssima nenhuma e Trump
já retaliou, lançando um imposto de 20% sobre os produtos provenientes do
México. Está dado o mote, este vai ser o estilo da política americana, com a
administração Trump.
O homem que chamou aos mexicanos criminosos, delinquentes,
traficantes de droga promete fazer uma lista semanal dos crimes cometidos por
imigrantes, numa das medidas mais xenófobas de que há memória. Provavelmente,
teremos uma réplica noutra latitude qualquer; Trump retorquirá como um miúdo
mimado, habituado a brincar com armas de fogo e o mundo tornar-se-á na mais
perigosa geringonça dos últimos cinquenta anos.
A perseguição de Trump aos mexicanos quase que nos recorda
o ódio que Hitler tinha aos judeus. Não duvido que Trump imponha altos impostos
aos produtos mexicanos, rasgando todos os tratados comerciais em vigor, mas é
bom lembrar que esses produtos vão ficar mais caros aos… norte-americanos. É
certo que os mexicanos precisam do comércio com os EUA como de ar para
respirar, mas a atitude do presidente dos EUA trará solidariedades várias e por
certo não ficarão isolados.
É provável que as medidas de Trump tenham um efeito
boomerang mais cedo do que Trump espera. Infelizmente para os mexicanos e para
os norte-americanos, o México é o principal fornecedor dos vícios dos «yankees».
Muita da droga que os americanos consomem entra pela porta mexicana. As ideias
de Trump vão provocar, literalmente, uma enorme ressaca em Hollywood, Nova
Iorque ou Washington. Não me admira nada que os mexicanos enviem todos os meses
a Trump uma lista pormenorizada de ilustríssima gente que se vai abastecer de
pó branco ao outro lado do muro. Talvez até façam algumas detenções
espetaculares… só para ter cromos para a troca.
Gabriel Vilas Boas
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