O que é um moderado? Podemos
escolher uma de duas respostas: uma pessoa que usa de bom senso, medindo os seus
atos, as suas respostas e atuando de forma equilibrada e justa ou um indivíduo
oportunista, cínico e que apenas diz aquilo que é politicamente correto, ou
seja, aquilo que a maioria quer ouvir em determinados momentos.
A vida pública e política está
cheia de moderados da segunda espécie e foram eles que deram uma desgraçada fama à estirpe dos moderados.
O primeiro sinal que os
moderados estavam em queda foi dado pela política de pequenos países em crise,
como a Grécia; depois o fenómeno alargou-se a outros países, quando a corrupção e a crise económica mundial revelaram gente corrupta em todas as latitudes do
poder.
Os povos fartaram-se dos moderados, ao perceberem que eles eram apenas
uns sonsos, que se aproveitavam da ignorância e medo das populações para
instalar um labirinto de poder, onde apenas eles sabiam progredir.
Sem arte nem engenho para
regenerar o sistema por dentro, as sociedades foram-se entregando nas mãos e
nas ideias dos doidos que prometiam rebentar com o sistema. O sistema deixou de
ser a liberdade, a democracia, a livre circulação de pessoas, bens e ideias
para significar injustiças, desigualdades, burocracia, corrupção,
aproveitamento.
O doido que chega para tomar o poder pela força do voto não tem
que provar nada nem garantir coisa nenhuma a não ser cumprir a promessa de
arrasar com tudo. O que há de bom também! Normalmente este tipo de gente é
impreparada, xenófoba, racista, antidemocrata, belicista e com uma enorme dose
de loucura.
O poder embriaga muitíssimo e
não é certo que a força do dinheiro seja antídoto suficiente para neutralizar
esta vertigem de loucura desesperada que invadiu o coração de muitas sociedades
ocidentais (Inglaterra, França, EUA…). Os loucos não conseguirão derrotar os
ocultos poderes instalados e que minaram as democracias – não são suficientemente
espertos – mas poderão causar-lhes temporariamente alguma mossa. No entanto, esses mesmos loucos são
perfeitamente capazes de nos reduzir drasticamente os direitos que arduamente
fomos conquistando durante séculos e, por orgulho ou maldade, perpetuarem-se no
poder.
Os tempos atuais são altamente
desafiantes para os povos, que estão a reagir por instinto em vez de usarem a
razão. Ser capaz de encontrar e eleger o moderado certo, que corrija a embriaguez
de corrupção em que mergulhámos nas últimas três décadas e ao mesmo tempo
corresponder aos anseios dos vários grupos que crescem desordenadamente em cada
sociedade, é a tarefa mais importante que cada povo tem entre mãos.
O último grande moderado que conheci já morreu e chamava-se Nelson Mandela.
Gabriel Vilas Boas
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