Inesperadamente, ou talvez
não, as autoridades marroquinas vão proibir a venda e a comercialização de burqas
no país. Uma medida extrema que justificaram com o facto de muitos criminosos
usaram este disfarce para fugirem ao reconhecimento público e desse modo
escaparem facilmente às autoridades.
A burqa já era proibida em
França, Holanda, Bélgica, Bulgária, mas Marrocos representa uma novidade muito
importante, porque se trata de um país de religião islâmica.
Não é verdade que o Alcorão
imponha o usa da burqa, mas é verdade que a religião é usada como justificação
para quem a usa ou obriga as mulheres a usar.
Com esta posição, o governo marroquino
quebra a unanimidade entre o mundo islâmico quanto à conveniência do uso da burqa
por parte das mulheres muçulmanas e sanciona a visão francesa acerca do uso do
véu integral por parte das mulheres árabes.
Sempre achei que as sociedades
ocidentais tinham todo o direito a exigir que as mulheres árabes destapassem a
cara, por uma questão de segurança, tendo em conta o historial de atentados
terroristas perpetrados por grupos extremistas árabes.
A tomada de posição de
Marrocos não é um ataque às leis do Islão nem uma "cedência ignóbil aos infiéis
do Ocidente", mas uma decisão corajosa, sensata e racional. A longo prazo
acabará por jogar a favor dos muçulmanos, tornando claro que a maioria das
sociedades árabes é pacífica e deseja a paz.
A burqa é um símbolo importante,
mas não é nenhum elemento indispensável à afirmação da religião islâmica. É
possível que algumas mulheres se sintam algo despidas ao terem de abdicar da
sua burqa, mas a maioria até sentirá um certo alívio com esta decisão
marroquina.
Todas as sociedades evoluem
com decisões de rutura. É possível que esta medida representa uma brisa suave
na evolução das sociedades islâmicas.
Gabriel Vilas Boas
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