Quantos de nós já não fomos confrontados com um argumento
«poderoso» como este? Normalmente vem de uma pessoa próxima (amigo, mulher,
marido, familiar) e até é facilmente rebatível, mas magoa que se farta.
É o típico comentário desesperado e mal-intencionado que
procura amesquinhar o outro, sugerindo que o seu trabalho é fácil de executar,
cheio de regalias e bem remunerado. Já o ouvi várias vezes entre amigos e
casais e interrogo-me porque surge com tanta frequência.
É assim tão natural pensar que nós é que somos especiais,
nós é que fazemos as coisas difíceis, nós que é que trabalhamos mais? Todos os
trabalhos têm as suas dificuldades e não é o facto de alguns não se queixarem
que os torna mais «fáceis».
Na verdade, o trabalho dos outros só é fácil porque não
somos nós a fazê-lo. Por vezes, nem imaginamos quão complexa é a sua execução e
como estaríamos realmente impreparados para o fazer com o mínimo de qualidade,
no entanto assegurámos ao nosso marido, ao nosso amigo ou à nossa tia que
daríamos conta do recado com uma perna às costas. Curioso é que raramente nos
disponibilizamos para fazer a “contra-análise”, ou seja, por alguns dias, trocar
de tarefas.
Este tipo comentários revela-se, na maioria das vezes,
injusto e perigoso, porque cria animosidade, tristeza e desconfiança nas relações.
O cansaço ou a frustração profissional não se resolvem aos pontapés. A amizade
por aqueles que amamos prova-se no respeito que temos por eles; menorizar
aquilo que fazem é uma profunda falta de respeito.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário