Na semana passada, ao entregar os registos de avaliação a
uma encarregada de educação, disse-lhe: “Além das boas notas, o seu filho
destaca-se pela sua autonomia. Essa capacidade está a ser decisiva no seu
crescimento quer como aluno quer como pessoa.” A mãe ficou contente, mas não
surpreendida; sabia perfeitamente o filho que tinha.
A autonomia é altamente testada quando o aluno passa do
ensino básico para o ensino secundário, quando o professor deixa de ser “o
paizinho” ou a “mãezinha” e passa a ser “apenas” o orientador do estudo que o
aluno tem de fazer… sozinho. Muitos sentem-se perdidos e as notas sucumbem.
Na escola ou na vida, a autonomia começa a conquistar-se
quando se começa a decidir. Infelizmente, a maioria dos pais protege
excessivamente os filhos, adiando-lhes o confronto com a decisão.
Decidir é muito mais que escolher. Decidir é arriscar
falhar, o que mais tarde ou mais cedo irá acontecer.
É disso que fugimos até
não podermos mais. No entanto falhar faz parte da vida.
Não precisámos de decidir tudo o que é relevante na nossa
vida quando temos 14 anos, mas precisámos sempre de tomar decisões importantes,
em qualquer idade, e assumir as suas consequências.
Qualquer decisão implica risco. Por mais que queiramos controlar
as consequências das nossas decisões, há sempre uma margem apreciável de
risco, caso contrário não estávamos a decidir nada, mas apenas a confirmar a
lógica.
É decidindo que vamos crescendo e nos tornamos mais
conhecedores da nossa personalidade. É decidindo que aprendemos as respeitar os
outros e nos tornamos tolerantes; é decidindo que vamos conhecendo os mistérios
da vida.
A decisão faz-nos mais conscientes do mundo, dos outros e
de nós e responsabiliza-nos, mas também nos liberta da angústia “daquilo que
podia ter sido”.
Gabriel Vilas Boas
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