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domingo, 28 de maio de 2017

E NA ADOLESCÊNCIA COMEÇA O MEDO



João Tordo é um escritor que não gosta de holofotes. Serenamente, sempre num tom coloquial, por vezes até calmo de mais, lá foi explicando à plateia que o seu último livro “O Deslumbre De Cecília Fluss” encerra uma trilogia (os outros dois são “Luto de Elias Grou” e “O Paraíso Segundo Lars D.) que na verdade devia chamar-se um tríptico, pois não há uma sequência narrativa entre as três histórias, mas apenas um cimento temático que os une.
Pacientemente explicou que “Deslumbre de Cecília Fluss” tinha como protagonista um adolescente de catorze, imensamente preocupado com sexo, um tio enlouquecido e fábulas budistas.
Às tantas a conversa derivou para a adolescência, esse período em que tudo é difícil de compreende, onde nasce a urgência de viver a juventude, onde se confundem desejo e sofrimento. E onde começa o medo. O medo de não ser amado, de não ser aceite, de não conseguir triunfar. Talvez do medo nasça a urgência, talvez do medo nasça a ação e a inação, talvez sim, talvez não… como diria João tordo como inegável bonomia e suave humor.

E lembrei-me, então, que a adolescência é só o princípio do reinado do medo. Ele ficará sempre connosco como uma sombra vigilante, acusatória, fria. Umas vezes chamar-se-á consciência, outras obstáculo, outras vezes encruzilhada da vida. Um dia aliado, muitos outros empecilho. Havemos de o lamentar, de o culpar, mas poucas vezes de o vencer.
O medo é aquele tipo que poucas vezes olhamos nos olhos. E é pena, porque ele também deve ter medo que um dia deixemos de o temer.
GAVB

sexta-feira, 7 de abril de 2017

PERDOAR NÃO É PARA FRACOS


Na maneira como hoje encaramos a vivência dos sentimentos, perdoar é um sinal de fraqueza, quando não de estupidez. Quem perdoa é um tonto que acredita que quem errou uma vez, não voltará a errar, mas a maioria acha isso impossível.
Essa ridicularização do perdão assenta, antes de mais, na não assunção da culpa por parte de quem erra e na facilidade com que voltará a errar. No entanto, o perdão depende muito mais da generosidade e grandeza do coração daquele que perdoa do que da contrição daquele que falhou.

Claro que o arrependimento ajuda e predispõe ao perdão, mas não é condição absolutamente necessária nem suficiente. Há quem perdoe sem exigir um pedido de desculpas como há quem não o consiga fazer por mais arrependimento que veja no outro.

O perdão é um sentimento de grande nobreza e exigência. Nunca nos diminui, mesmo que aquele a quem o concedemos não seja digno dele. Perdoar não significa esquecer, mas obriga-nos a não estar constantemente a lembrar o erro passado, pressupõe a concessão de nova oportunidade, a real vontade de deixar o outro escrever outra história, com os mesmos protagonistas.
Nem toda a gente consegue perdoar. Muitas vezes não é porque não quer, mas simplesmente porque não consegue. Há que entender e aceitar, sem disso concluirmos qualquer motivação vingativa.

Muitos referem que só quem ama muitíssimo é capaz de um ato tão corajoso e generoso como é o perdão. É provável que assim seja, mas eu prefiro acreditar que se trata «apenas» de alguém com uma alma enorme e que não deixou de acreditar na capacidade de regeneração do ser humano.
Um dos maiores pacifistas do século XX, Gandhi, certo dia disse: “O fraco não pode perdoar. O perdão é um atributo dos fortes.” Talvez, por isso, a suposta força de muitos seja apenas um sinal de fraqueza e incapacidade de ser verdadeiramente grande.

GAVB

domingo, 12 de fevereiro de 2017

A ÚNICA COISA ESTÁVEL NA VIDA É A MUDANÇA


Num dos seus mais célebres sonetos, Camões escreveu que “todo o mundo é composto de mudança”, que é como quem diz que a mudança está inscrita no código genético das pessoas e das coisas. No entanto, tememo-la, combatemo-la, difamamo-la até que ela, inevitavelmente, nos vence.
Por que tememos a mudança? Porque é maior o medo de perder o pouco que temos do que a ambição de abrir novos horizontes à nossa vida. A mudança põe-nos em causa, desafia-nos, retira-nos todo o estatuto entretanto adquirido, obriga-nos a recomeçar… A incerteza aterra-nos, desesperadamente.


No entanto, e apesar de todas as resistências e boicotes, a mudança acontece. Na nossa vida, na vida daqueles com quem nos relacionamos, na organização social, nas mentalidades e na natureza. Depois de concluída e verificando-se que ainda não “foi desta que o mundo se acabou”, acharíamos tonta a nossa solene oposição. Riríamos das nossas certezas conservadoras, acharíamos infantis os medos evocados, mas não fazemos esse exercício de humildade, para não perdermos a pose nem a convicção quando nova mudança chegar.


A mudança faz parte da vida, faz parte de nós. É uma inevitabilidade. Verdadeiramente desesperadamente e assustador seria ela ficar suspensa por uns tempos. Não poder mudar de sítio, de emprego, de maneira de ver o mundo; não poder mudar a decoração da casa nem o look das pessoas, não poder mudar de hábitos nem de vícios, não poder mudar de companhia nem de ideologia.
Obviamente que a mudança traz incertezas, pois não é certo que mudaremos para melhor. O bom e o mau dependem da forma como sabemos interagir com as circunstâncias.
Ainda que tenhamos muitos planos para a vida, os planos que a vida tem para nós são quase sempre mais excitantes.
Gabriel Vilas Boas
  

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A VERDADE CRUEL OU A MENTIRA PIEDOSA?


Se as opções não tivessem adjetivos, nem havia dúvida, mas o mundo, felizmente, não é a preto e branco e, por isso, a vida é um desafio permanente.
Certamente esta questão já nos assaltou muitas vezes e, ainda que possamos ter uma inclinação por uma das soluções, é provável que a maioria de nós já tenha optado pelas duas.
A dúvida existe quando colocamos na balança da nossa decisão fatores tão importantes como a nossa consciência, a importância que atribuímos ao conceito de verdade (em sentido restrito), o efeito que as nossas palavras terão no outro, as repercussões colaterais da nossa «revelação», o melindre da situação, os problemas que a situação revelada nos pode acarretar...
No meio de tantas dúvidas e incertezas, lá acabamos por decidir, até porque, na maioria dos casos, nada fazer é tomar uma decisão.

A questão que me coloco é: Qual é o fator decisivo na nossa tomada de decisão-padrão? Foi o bem do outro ou a nossa cobardia? Foi o nosso desejo mauzinho de ver a vida do outro em estilhaços ou a gravidade da situação? Foi o nosso conceito de Verdade ou o nosso sentido de lealdade/amizade? Foi perverso pensamento de futuros ganhos pessoais ou um jeito inato para fazer de elefante em loja de porcelanas?

Olho novamente o dilema – Verdade cruel ou mentira piedosa – e concentro a minha atenção apenas nos adjetivos: piedosa e cruel. Às vezes é só isso que decidimos ser, ainda que inconscientemente.

Perceber quando os outros precisam de crueldade ou piedade é uma tarefa difícil, especialmente porque nos habituamos a pensar muito em nós e pouco neles. «Se fosse eu, gostava que…», pois.. mas não somos nós! E mesmo quando somos nós, nem sempre gostamos que usem de crueldade nem sempre gostamos de usem de piedade.
Mentira piedosa ou verdade cruel? O dilema há de perdurar no tempo, mas se tivermos mais noção daquilo que motiva a nossa decisão talvez ela custe menos, talvez ele comece a ser diferente.

Gabriel Vilas Boas

domingo, 8 de janeiro de 2017

DECIDIR FAZ-NOS CRESCER


Na semana passada, ao entregar os registos de avaliação a uma encarregada de educação, disse-lhe: “Além das boas notas, o seu filho destaca-se pela sua autonomia. Essa capacidade está a ser decisiva no seu crescimento quer como aluno quer como pessoa.” A mãe ficou contente, mas não surpreendida; sabia perfeitamente o filho que tinha.
A autonomia é altamente testada quando o aluno passa do ensino básico para o ensino secundário, quando o professor deixa de ser “o paizinho” ou a “mãezinha” e passa a ser “apenas” o orientador do estudo que o aluno tem de fazer… sozinho. Muitos sentem-se perdidos e as notas sucumbem.

Na escola ou na vida, a autonomia começa a conquistar-se quando se começa a decidir. Infelizmente, a maioria dos pais protege excessivamente os filhos, adiando-lhes o confronto com a decisão.
Decidir é muito mais que escolher. Decidir é arriscar falhar, o que mais tarde ou mais cedo irá acontecer. 
É disso que fugimos até não podermos mais. No entanto falhar faz parte da vida.
Não precisámos de decidir tudo o que é relevante na nossa vida quando temos 14 anos, mas precisámos sempre de tomar decisões importantes, em qualquer idade, e assumir as suas consequências.

Qualquer decisão implica risco. Por mais que queiramos controlar as consequências das nossas decisões, há sempre uma margem apreciável de risco, caso contrário não estávamos a decidir nada, mas apenas a confirmar a lógica.
É decidindo que vamos crescendo e nos tornamos mais conhecedores da nossa personalidade. É decidindo que aprendemos as respeitar os outros e nos tornamos tolerantes; é decidindo que vamos conhecendo os mistérios da vida.
A decisão faz-nos mais conscientes do mundo, dos outros e de nós e responsabiliza-nos, mas também nos liberta da angústia “daquilo que podia ter sido”.

Gabriel Vilas Boas

domingo, 4 de dezembro de 2016

A CARIDADE CHIQUE


O ideal seria que a caridade ou a solidariedade não fossem necessárias, mas sendo, devemos perceber que a primeira coisa a fazer é respeitar as pessoas que precisam dela. Esse respeito traduz-se em discrição.
A caridade chique soa-me quase sempre a hipocrisia.
Na Bíblia, São Mateus ensina: «Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita».
A caridade/solidariedade é um serviço que a nossa consciência e o nosso coração prestam ao outro, por isso tenho muita dificuldade em compreender que as campanhas de solidariedade sejam um “hapenning social”, que haja necessidade de fotos, publicações no facebook, reportagens jornalísticas, como se aquelas pessoas a quem se dá algo estivessem ao serviço da nossa vaidade.

Com a chegada do Natal multiplicam-se as campanhas solidárias. Na essência são boas e para elas contribuem muita gente com excelentes sentimentos em relação ao próximo, mas acho intolerável que aplaudamos, coloquemos “likes” facebookianos, exultemos quando determinada figura pública se tenta promover à custa de campanhas de solidariedade.

Tentar parecer bom porque fica bem é uma atitude cretina. Mais do que uma chamada de atenção, merece reprovação. Os valores da solidariedade e do amor não podem estar prisioneiros desta gente que não olha a meios para atingir objetivos egocêntricos.
         A mensagem do Natal não é um ícone comercial. Pouco podemos fazer para resgatar o Natal às garras do Centro Comercial, mas temos a obrigação de não deixar que a vaidade de alguns manche sentimentos nobres e sinceros de muitos.
    
     Oferecer um cabaz de Natal, doar roupas, distribuir os brinquedos que os filhos já não querem não precisa de fotos nem de discursos, não necessita que vistamos um roupa de gala nem uma festa envolvente. Lá no fundo é um momento triste, porque aquela mãe ou aquele pai precisaram de estender a mão à caridade para ter aquilo que é básico. Eles precisam que embrulhem aquele ato de humanidade com um abraço, um sorriso, uma palavra de esperança e conforto.  Só isso.


Gabriel Vilas Boas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

IT IS NOT SEXY

O que nos faz atraentes? As respostas mais óbvias e esperadas apontam a beleza física como aquilo que mais atrai o sexo oposto, no entanto um estudo recente faz notar como certos comportamentos podem dar cabo da nossa imagem. E nem é preciso ser especialmente malcriado.
Um homem que não revele sentido de humor está desgraçado, pois esta é uma das características mais apreciadas pelas mulheres. Saber contar uma boa piada, saber desanuviar o ambiente com um dito espirituoso ou mesmo ter capacidade de se rir das suas próprias gaffes são comportamentos muito mais atrativos do que a maioria dos homens pensa.
Para as mulheres também é muito importante o homem ter uma boa conversa. Saber contar histórias, saber ouvir, ser capaz de tornar um jantar ou um serão agradáveis apenas usando o dom da palavra é altamente apreciado pelo sector feminino. Já os homens gostam de rostos agradáveis e bonitos. No entanto, procuram bem mais do que traços perfeitos, eles deixam-se encantar por uma fisionomia que transmita doçura e bondade.

Cabelo despenteado, olheiras e um ar pesado até pode ser iconográfico para algumas revistas da moda, mas não costuma resultar no contacto pessoal. Pelo menos esta é a opinião de muitos homens que responderam a um inquérito sobre aquilo que os atrai e afasta no sexo feminino. Os homens defendem que este tipo de apresentação feminina lhes dá um ar desleixado e triste.
Mulher stressada é mulher pouco atraente. Os homens querem lá saber das razões de tanto stresse. Muito trabalho? Muita responsabilidade em cima dos ombros, que até podia ser partilhada? Paciência. O stresse no feminino não é sexy e ponto final.

Se há comportamento muito pouco atraente é o egocentrismo. Falar apenas, de si, mostrar somente preocupação consigo e com os seus problemas é dos comportamentos mais negativos que se pode ter quando se quer atrair alguém do sexo oposto. E nisto não há diferenças de opinião entre homens e mulheres.
O último dos pecados a evitar para quem quer atrair o sexo oposto é ter uma falsa aparência de felicidade. Estar sempre a sorrir, aparentar uma felicidade que notoriamente não se tem não só não atrai como até irrita, além de dar uma ideia de certa futilidade.
São sete os “pecados mortais” que não pode cometer se quer fisgar a sua alma gémea. E não precisa de cometer os sete para ficar fora de combate.

Gavb