Se as opções não tivessem adjetivos, nem havia dúvida, mas
o mundo, felizmente, não é a preto e branco e, por isso, a vida é um desafio
permanente.
Certamente esta questão já nos assaltou muitas vezes e, ainda que possamos ter uma inclinação por uma das soluções, é provável que a
maioria de nós já tenha optado pelas duas.
A dúvida existe quando colocamos na balança da nossa
decisão fatores tão importantes como a nossa consciência, a importância que atribuímos
ao conceito de verdade (em sentido restrito), o efeito que as nossas palavras
terão no outro, as repercussões colaterais da nossa «revelação», o melindre da
situação, os problemas que a situação revelada nos pode acarretar...
No meio de tantas
dúvidas e incertezas, lá acabamos por decidir, até porque, na maioria dos casos,
nada fazer é tomar uma decisão.
A questão que me coloco é: Qual é o fator decisivo na nossa
tomada de decisão-padrão? Foi o bem do outro ou a nossa cobardia? Foi o nosso
desejo mauzinho de ver a vida do outro em estilhaços ou a gravidade da
situação? Foi o nosso conceito de Verdade ou o nosso sentido de
lealdade/amizade? Foi perverso pensamento de futuros ganhos pessoais ou um
jeito inato para fazer de elefante em loja de porcelanas?
Olho novamente o dilema – Verdade cruel ou mentira piedosa –
e concentro a minha atenção apenas nos adjetivos: piedosa e cruel. Às vezes é
só isso que decidimos ser, ainda que inconscientemente.
Perceber quando os outros precisam de crueldade ou piedade
é uma tarefa difícil, especialmente porque nos habituamos a pensar muito em
nós e pouco neles. «Se fosse eu, gostava que…», pois.. mas não somos nós! E
mesmo quando somos nós, nem sempre gostamos que usem de crueldade nem sempre
gostamos de usem de piedade.
Mentira piedosa ou verdade cruel? O dilema há de perdurar
no tempo, mas se tivermos mais noção daquilo que motiva a nossa decisão talvez ela
custe menos, talvez ele comece a ser diferente.
Gabriel Vilas Boas
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