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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A VERDADE CRUEL OU A MENTIRA PIEDOSA?


Se as opções não tivessem adjetivos, nem havia dúvida, mas o mundo, felizmente, não é a preto e branco e, por isso, a vida é um desafio permanente.
Certamente esta questão já nos assaltou muitas vezes e, ainda que possamos ter uma inclinação por uma das soluções, é provável que a maioria de nós já tenha optado pelas duas.
A dúvida existe quando colocamos na balança da nossa decisão fatores tão importantes como a nossa consciência, a importância que atribuímos ao conceito de verdade (em sentido restrito), o efeito que as nossas palavras terão no outro, as repercussões colaterais da nossa «revelação», o melindre da situação, os problemas que a situação revelada nos pode acarretar...
No meio de tantas dúvidas e incertezas, lá acabamos por decidir, até porque, na maioria dos casos, nada fazer é tomar uma decisão.

A questão que me coloco é: Qual é o fator decisivo na nossa tomada de decisão-padrão? Foi o bem do outro ou a nossa cobardia? Foi o nosso desejo mauzinho de ver a vida do outro em estilhaços ou a gravidade da situação? Foi o nosso conceito de Verdade ou o nosso sentido de lealdade/amizade? Foi perverso pensamento de futuros ganhos pessoais ou um jeito inato para fazer de elefante em loja de porcelanas?

Olho novamente o dilema – Verdade cruel ou mentira piedosa – e concentro a minha atenção apenas nos adjetivos: piedosa e cruel. Às vezes é só isso que decidimos ser, ainda que inconscientemente.

Perceber quando os outros precisam de crueldade ou piedade é uma tarefa difícil, especialmente porque nos habituamos a pensar muito em nós e pouco neles. «Se fosse eu, gostava que…», pois.. mas não somos nós! E mesmo quando somos nós, nem sempre gostamos que usem de crueldade nem sempre gostamos de usem de piedade.
Mentira piedosa ou verdade cruel? O dilema há de perdurar no tempo, mas se tivermos mais noção daquilo que motiva a nossa decisão talvez ela custe menos, talvez ele comece a ser diferente.

Gabriel Vilas Boas

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