A Luxúria é o tema central deste quadro de Jan Steen,
datada da segunda metade do século XVII (c.1663).
Muitos quadros de pintores holandeses abordam esta temática
e Jan Steen não foge a ela, alertando para os perigos de um dos sete pecados
capitais.
A pintura de Steen está cheia de referência a provérbios, e
esta faz alusão ao especial cuidado que devemos ter com a Luxúria.
Nesta
pintura, mostra-se uma dona de casa adormecida e rodeada de vários exemplos de
intemperança e descuido. Dois amantes (a posição da perna do homem sobre o
joelho da mulher não deixa muitas dúvidas…) bebem vinho. É este mesmo homem que
ri de uma mulher que protesta com a imoralidade óbvia, mas não repara noutro
homem (com um pato empoleirado no ombro) que se coloca mesmo na sua frente.
Autorretrato - Jan Steen |
A simbolizar a punição, a que certamente faz referência esta
severa mulher, estão a espada e as muletas, que o pintor colocou mesmo por cima
da cabeça dos amantes.
O vinho a cair de um jarro abandonado no chão e de um barril
sem rolha; um cão a comer, em cima da mesa, os restos de uma refeição; uma
criança que deixa cair a tijela ao chão, sem que ninguém parece importar-se,
são outros elementos que indiciam veementemdnte o desleixo, o descuido moral a que o
quadro de Steen quer aludir.
Mas há mais: ao fundo da cena, uma menina rouba objetos de
um armário, um macaco pára o relógio e um rolo cai da lareira, ao mesmo tempo
que um porco fareja as rosas abandonadas no chão pela amante.
Normalmente as pinturas que abordam a temática da luxúria apresentam
figuras ricamente vestidas, sentadas à volta de uma mesa, em poses sensuais
e/ou desleixadas, rodeadas de objetos sumptuosos. O objetivo era alertar para a
futilidade das coisas terrenas e advertir contra o desperdício.
Gabriel
Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário