Ainda estão bem presentes na
memória dos portugueses as inspiradas palavras de Passos Coelho à juventude
portuguesa nos primeiros tempos da sua governação: “queridos jovens, se querem
ganhar a vida, o melhor é emigrarem”. E foi o que muitos fizeram, a maioria a
contragosto, com as saudades a apertarem o coração. Obviamente, a maioria não
voltou nem pensa voltar, mas Passos não tem remorsos disso. Foi um peso que lhe
tiraram das costas.
Ao mesmo tempo, Passos lançou
um programa para atrair estrangeiros a Portugal, especialmente gente idosa e
que tivesse boas reformas. Prometeu-lhes isenção de IRS. Como os reformados
portugueses gostavam de ser estrangeiros… mas não são. E para não perder clientela,
procurou seduzir também “todos os outros”, prometendo cobrar-lhes apenas
um máximo de 20% de IRS, independentemente das remunerações que auferissem. Quem não gosta de propostas destas? Desde de 2013, o número de pedidos já passou os dez mil. Só no ano de 2016 passou os três mil e em 2017 já ultrapassou os seis mil! Não há país como Portugal para ofertar! Já
os portugueses podem pagar mais do dobro de IRS que “aguentam, aí aguentam”, que
remédio! A geringonça governamental anuiu à imoralidade e a iníqua lei lá
continua.
Não está em questão a boa
intenção de atrair capital estrangeiro a Portugal, mas o princípio tão parolo
de “apenas o que é estrangeiro é que é bom”. Entre o dinheiro que se ganhou com
a entrada divisas estrangeiras e o que se perdeu na sub-cobrança de impostos,
que balanço positivo houve? Não seria mais patriótico escolher determinado
grupo de portugueses para fazer essa discriminação positiva?
Um país não é um banco. Um
país é, antes de mais, um conjunto de pessoas com identidade comum e que devem
estar sempre em primeiro lugar para o seu governo. Todos os esforços devem
centrar-se neles. Não se pode dizer que não há dinheiro nem benesses para
investir em portugueses, mas há para ingleses, franceses ou dinamarqueses.
Gosto que os estrangeiros nos
visitam, queiram cá morar, mas gosto muito mais que os portugueses não tenham
de partir.
GAVB
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