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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

AMO-TE


 Amo-te de uma maneira inexplicável,
de uma forma inconfessável,
de um modo contraditório.
Amo-te, com meus estados de ânimo que são muitos
e mudar de humor continuadamente
pelo que você já sabe
o tempo,
a vida,
a morte.



Amo-te, 
com o mundo que não entendo

com as pessoas que não compreendem
com a ambivalência de minha alma
com a incoerência dos meus atos
com a fatalidade do destino
com a conspiração do desejo
com a ambiguidade dos factos



ainda quando digo que não te amo, amo-te
até quando te engano, não te engano,
no fundo, levo a cabo um plano
para amar-te melhor
Amo-te, sem refletir, inconscientemente
irresponsavelmente, espontaneamente
involuntariamente, por instinto
por impulso, irracionalmente
de fato não tenho argumentos lógicos
nem sequer improvisados
para fundamentar este amor que sinto por ti
que surgiu misteriosamente do nada
que não resolveu magicamente nada
e que milagrosamente, pouco a pouco, com pouco e nada,
melhorou o pior de mim.
Amo-te



Amo-te 
com um corpo que não pensa
com um coração que não raciocina
com uma cabeça que não coordena.
Amo-te incompreensivelmente
sem perguntar-me porque te amo
sem importar-me porque te amo
sem questionar-me porque te amo

Amo-te
simplesmente porque te amo
eu mesmo não sei porque te amo…

Pablo Neruda

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