A frase é (mais uma vez) de
Millôr Fernandes. Reparei pela primeira vez nela quando observei como
determinada pessoa era defendida, elogiada até, por pessoas que nada conheciam
dela além do nome. “Parecia-lhes”, “tinham ouvido dizer”, “acreditavam no que
lhes era dito”.
Sempre pensei que o desconhecimento
nos garantisse o benefício da dúvida, mas nada mais do que isso.
A facilidade com que se elogia
alguém que não se conhece torna-nos pouco credíveis, ainda que possa ser
bastante útil ao elogiado.
Para o elogiado, somos uns tontos úteis; para quem
nos ouve e está habituado a “ver para crer”, não passamos de uns pobres
inocentes que se deixam levar pela aparência.
O elogio é um ato nobre, que
devemos praticar regularmente, mas sempre com verdade. Não é por simpatizarmos
com determinada pessoa, por gostarmos muito dela até, que, automaticamente, ela
passa a ser digna de encómios ou mereça de imediato a nossa defesa. O
elogio e a amizade são duas atitudes distintas e ambas só são verdadeiras
quando não dependem uma da outra. Elogiar um amigo não tem que ser uma ação
suspeita, mas um ato de justiça.
Para elogiar ou para criticar
é preciso conhecer e… ter coragem para o fazer.
Tanto o elogio como a crítica engrandecem tanto quem os faz como quem os recebe; caso contrário, tornamo-nos irrelevantes e apenas chamamos a atenção
para os defeitos do outro.
Gabriel Vilas Boas
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