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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

QUE PARVOS QUE NÓS SOMOS!

       

Enquanto todos os portugueses apertavam o cinto até à quase exaustão, 10 mil milhões de euros voavam, para paraísos fiscais sem que ninguém, no fisco, no governo ou na troika desse pelo desfalque. Dez mil milhões de euros em apenas vinte transações!!! Como foi possível não reparar? Não repararam porque não quiseram reparar. Operações de 500 milhões são como elefantes a passar na rua – toda a gente repara e comenta. Aliás exigem que a polícia corte o trânsito e permite o inédito desfile. Foi também o que aconteceu com este roubo colossal aos contribuintes portugueses: a polícia tributária, provavelmente recebendo ordens superiores, lá desencantou uma operação de “desvio das atenções”, através do folclore à volta da Lista VIP de contribuintes, que, coitadinhos, não podiam ver os seus nomes investigados por ninguém. Enquanto o povinho e os mediazinhos discutiam essas coisas tão ridículas como as listas VIP do Fisco ou os sms de Centeno e Dominguez, do Tejo saiam navios carregados de ouro e euros para um qualquer paraíso fiscal.


Agora que se soube da distração mais atentamente preparada do século, Paulo anuncia que não é responsável, Passos chama reles e ordinário a quem sugeriu que o primeiro-ministro de Portugal à altura tina obrigação de saber e atuar.
Passos tem razão: é realmente reles e ordinário quem nos mandou para o desemprego, quem nos cortou salários e subiu impostos para não cobrar um cêntimo de imposto a dez milhões de euros que voaram em contas VIP para offshores.
Não precisamos de investigações para saber de quem é a culpa, porque nós sabemos de quem é a culpa. A culpa é nossa, que deixamos que esta gente reles e ordinária oriente a sua vida à nossa culpa e depois nos distrai com polémicas estéreis e inúteis como a do sms entre Centeno e António Dominguez.

O que nos queríamos é saber de quem são as contas e obrigar essa gente a pagar os impostos em falta. 
Ou também vamos ter de esperar por outro aperto de gente com informação privilegiada para descobrirmos mais uma verdades nojentas acerca desta gentinha que apenas sabe governar-se e insultar a nossa inteligência?

Quando a Troika esteve cá, Ana Bacalhau dos Deolinda entalava muitas vozes doridas, no Coliseu dos Recreios, ao cantar “Que Parva que eu Sou”. Não foi apenas ela, somos todos nós. E isso ainda é mais trágico que dez mil milhões de euros estendidos ao sol num qualquer paraíso fiscal.
GAVB

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