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sábado, 11 de fevereiro de 2017

CURRÍCULOS FLEXÍVEIS – ABRIU A CAÇA AO CHUMBO


Quem manda na Educação em Portugal (sejam eles Ministério da Educação ou Diretores Escolares) anda há anos a tentar dizer isto de maneira polida e suave: senhores professores, acabem lá com as retenções dos alunos que frequentam a escolaridade obrigatória, porque isso atrapalha as estatísticas, a nossa imagem, a logística escolar e só cria problemas que não sabemos resolver.

Ora, os senhores professores não gostam de receber ordens, não gostam de fingir que ensinam, não acreditam num Escola onde todos passam de ano independentemente do que trabalham e demonstram saber. A sua noção de escola sempre assentou no resultado, no teste, na avaliação. Jamais perceberão uma escola onde os obriguem a passar alunos, porque atingiram o limite de idade para aquele ciclo, mas é isso que acabará por acontecer.

A partir do próximo ano letivo entrará em vigor a flexibilização curricular para os alunos do 1.º, 5.º, 7. E 10º anos, ou seja, os anos iniciais de ciclo. Daqui a três anos esta flexibilização atingirá todos os alunos. Não será em todo o currículo, pois a medida apenas abrangerá 25% do currículo.
Arrisco dizer que a medida não abrangerá da mesma maneira todos os alunos. Tenho a convicção que a medida visa retirar, do currículo das turmas com acentuados problemas de aprendizagem, certas disciplinas, que exigem mais estudo e substituí-las por outras mais práticas e das quais seja possível esperar maior sucesso escolar.
Claro que haverá turmas em cuja flexibilidade curricular não se fará sentir – são aquelas cujos alunos competem por uma vaga nos cursos mais concorridos do ensino superior, mas estas serão poucas no ensino público.

Esta medida será «vendida» aos professores como uma maneira de manter os alunos na escola, o que lhes será benéfico; para a sociedade em geral, o ME dirá que tenta ajustar-se à realidade e diminuir drasticamente a taxa de retenções no 3.º ciclo e ensino secundário assim como o precoce abandono escolar.
Para os Diretores Escolares, esta medida será música celestial: vão poder mexer no corpo docente a seu belo prazer, ganhando ainda mais poder. O professor X anda a reprovar muitos alunos? Mostra-se inflexível quanto aos conselhos que o Diretor lhe dá? Não há problema – faz-se uma flexibilização curricular das turmas que ele leciona, para o próximo ano letivo.
A flexibilização curricular, no papel, é uma excelente ideia, mas temo que vá ser muito mal executada. Ela assenta numa noção de escola que tem como premissa um conhecimento diversificado e prático. Quem a vai executar só conhece e só admite um modelo de Escola totalmente baseada no resultado.
P.S. Mais uma vez os professores, os sindicatos, os pais riscaram zero nesta medida que vai mudar a configuração da Escola, a partir do próximo ano letivo.

Gabriel Vilas Boas

3 comentários:

  1. O texto reflete um total desconhecimento spbre o projeto de autonomia e flexibilidade e contém imprecisões e erros quanto à sua opercionalização.

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    1. Cara Ariana, daqui a uns meses, quando projeto estiver em prática e todos perceberem como ele se operacionalizou veremos de quem é o total desconhecimento. Para já, é ler o que escreveu Filinto Lima sobre como será a flexibilização na «sua» escola, num artigo de opinião publicada no JN. Nesse texto fica claro o modo como a flexibilização se fará. é um modo com o qual não concordo.

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