Ao que parece foi encontrado o responsável pelo próximo
colapso da Segurança Social: o robô! Podiam ser os marcianos, mas sã os robôs,
esses malandros inventados pelos humanos para roubarem os empregos aos…
humanos.
E agora quem paga as nossas pensões? E o que vamos fazer a tanta mão-de-obra
desnecessária? É que não podemos pagar os mesmos salários a alguém que
trabalha cinco horas por dia! Não podemos, mas devíamos poder.
Segundo a consultora de tecnologia Gartner, até 2025, os
robôs ou a inteligência artificial ocuparão um terço dos empregos disponíveis. Traduzindo
isto para números portugueses – 1,4 milhões de postos de trabalho. No caso
português, talvez não seja tanto assim, porque nós não estamos assim tão
avançados a nível da robotização industrial, mas o resto do mundo está tramado.
Esta preocupação é legítima, mas culpar os robôs é absurdo.
A revolução industrial e depois a revolução tecnológica serviram para tornar
mais fácil e rentável o trabalho humano.
Ao longo das últimas décadas, a rentabilidade aumentou
muitíssimo graças aos robôs, à inteligência artificial e à inteligência humana.
Como é óbvio, os robôs dispensam o ser humano. Há uns anos, visitei uma fábrica
de uma conhecida marca de água natural, perto da serra do Caramulo, que
funcionava com 2/3 pessoas e enchia milhões de litros por dia.
A robotização trouxe inegáveis benefícios económicos, que
deviam ter sido usados para pagar bons salários por menos horas de trabalho.
Desse modo, manteríamos grande parte da população a trabalhar, ganhando o
necessário, durante menos tempo.
Não foi assim que aconteceu? Pois não, mas a culpa não foi
do robô, porque dinheiro em abundância ele ajudou a gerar. O problema foi da
(in)justa distribuição do rendimento gerado e do deficiente modelo económico-social
entretanto desenvolvido.
Agora que o momento da colisão se aproxima, resta-nos
medidas paliativas de amortecimento do impacto e atraso da colisão, porque
ninguém vai mudar o sistema.
Claro que podíamos mudar o sistema – qualquer robô
minimamente dotado fazia isso -, mas não creio que isso vá acontecer. O ser
humano adora viver em permanente inquietação e injustiça, esperando sempre que as
circunstâncias o favoreçam em relação ao parceiro do lado. Com robô ou sem
robô, o que seduz é que haja alguém em quem mandar, que seja inferior e precise
desesperadamente de nós.
Apesar de tantos avanços tecnológicos, quantos milhões não
trabalham hoje bem mais do que o horário regulamentar de trabalho? E quantos o
fazem por um salário médio-baixo? Muitos. E não há uns privilegiados a vir à
conta disso? Há e não foi nenhum robô que programou tal.
GAVB
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