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domingo, 4 de dezembro de 2016

A CARIDADE CHIQUE


O ideal seria que a caridade ou a solidariedade não fossem necessárias, mas sendo, devemos perceber que a primeira coisa a fazer é respeitar as pessoas que precisam dela. Esse respeito traduz-se em discrição.
A caridade chique soa-me quase sempre a hipocrisia.
Na Bíblia, São Mateus ensina: «Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita».
A caridade/solidariedade é um serviço que a nossa consciência e o nosso coração prestam ao outro, por isso tenho muita dificuldade em compreender que as campanhas de solidariedade sejam um “hapenning social”, que haja necessidade de fotos, publicações no facebook, reportagens jornalísticas, como se aquelas pessoas a quem se dá algo estivessem ao serviço da nossa vaidade.

Com a chegada do Natal multiplicam-se as campanhas solidárias. Na essência são boas e para elas contribuem muita gente com excelentes sentimentos em relação ao próximo, mas acho intolerável que aplaudamos, coloquemos “likes” facebookianos, exultemos quando determinada figura pública se tenta promover à custa de campanhas de solidariedade.

Tentar parecer bom porque fica bem é uma atitude cretina. Mais do que uma chamada de atenção, merece reprovação. Os valores da solidariedade e do amor não podem estar prisioneiros desta gente que não olha a meios para atingir objetivos egocêntricos.
         A mensagem do Natal não é um ícone comercial. Pouco podemos fazer para resgatar o Natal às garras do Centro Comercial, mas temos a obrigação de não deixar que a vaidade de alguns manche sentimentos nobres e sinceros de muitos.
    
     Oferecer um cabaz de Natal, doar roupas, distribuir os brinquedos que os filhos já não querem não precisa de fotos nem de discursos, não necessita que vistamos um roupa de gala nem uma festa envolvente. Lá no fundo é um momento triste, porque aquela mãe ou aquele pai precisaram de estender a mão à caridade para ter aquilo que é básico. Eles precisam que embrulhem aquele ato de humanidade com um abraço, um sorriso, uma palavra de esperança e conforto.  Só isso.


Gabriel Vilas Boas.

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