O ideal seria que a caridade
ou a solidariedade não fossem necessárias, mas sendo, devemos perceber que a
primeira coisa a fazer é respeitar as pessoas que precisam dela. Esse respeito
traduz-se em discrição.
A caridade chique soa-me quase
sempre a hipocrisia.
Na Bíblia, São Mateus ensina:
«Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita».
A caridade/solidariedade é um
serviço que a nossa consciência e o nosso coração prestam ao outro, por isso
tenho muita dificuldade em compreender que as campanhas de solidariedade sejam
um “hapenning social”, que haja necessidade de fotos, publicações no facebook,
reportagens jornalísticas, como se aquelas pessoas a quem se dá algo
estivessem ao serviço da nossa vaidade.
Com a chegada do Natal
multiplicam-se as campanhas solidárias. Na essência são boas e para elas
contribuem muita gente com excelentes sentimentos em relação ao próximo, mas
acho intolerável que aplaudamos, coloquemos “likes” facebookianos, exultemos
quando determinada figura pública se tenta promover à custa de campanhas de
solidariedade.
Tentar parecer bom porque
fica bem é uma atitude cretina. Mais do que uma chamada de atenção, merece
reprovação. Os valores da solidariedade e do amor não podem estar prisioneiros
desta gente que não olha a meios para atingir objetivos egocêntricos.
A mensagem do
Natal não é um ícone comercial. Pouco podemos fazer para resgatar o Natal às
garras do Centro Comercial, mas temos a obrigação de não deixar que a vaidade
de alguns manche sentimentos nobres e sinceros de muitos.
Oferecer um cabaz de Natal, doar roupas, distribuir os brinquedos que os filhos já não querem não precisa de fotos nem de discursos, não necessita que vistamos um roupa de gala nem uma festa envolvente. Lá no fundo é um momento triste, porque aquela mãe ou aquele pai precisaram de estender a mão à caridade para ter aquilo que é básico. Eles precisam que embrulhem aquele ato de humanidade com um abraço, um sorriso, uma palavra de esperança e conforto. Só isso.
Gabriel Vilas Boas.
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