Desejos, Previsões e Balanços são três rituais do dia 31 de
Dezembro que cada vez têm menos valor. São feitos para cumprir a tradição do
calendário. Repetitivos, previsíveis, sem convicção.
Os balanços parecem-me quase sempre um acumular de factos
ocorridos ao longo do tempo, sem qualquer reflexão. As previsões ou são lógicas e desenxabidas ou “tarológicas”;
quanto aos desejos, tornaram-se uma lengalenga tão fácil de trautear como de
esquecer. Daqui por trinta horas já quase todos nós teremos esquecido o que
desejamos para nós e, sobretudo, para os outros.
Por que alinhamos nós neste ritual de plástico?
É sempre
mais fácil viver com fórmulas testadas e socialmente aceites do que criar algo
realmente nosso. Dá trabalho e até podem acusar-nos de termos a mania de sermos
diferentes. Não é disso que se trata, mas de fazer com que aquilo que fazemos e
dizemos faça sentido, seja autêntico. Não é crível que a todos apetece formular
desejos, fazer previsões ou balanços no dia 31 de Dezembro.
Ter desejos (ou objetivos), ser capaz de perspetivar o
futuro tendo em conta o balanço feito de um tempo transcorrido são ações muito
positivas e louváveis, quando sentimos necessidade delas.
Ter alguns rituais é bom, mas viver através deles é
suspender a vida e perder um pouco de identidade e personalidade.
Cada ser humano é único e irrepetível!
Sinto tanta falta
desse aroma a humanidade nas ações, nas palavras, nos gestos que preenchem o
vazio dos dias!
E entretanto há desejos que se concretizam, previsões que se
cumprem e balanços de grande utilidade…
GAVB
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