Quem nunca teve grande poder pensa que se faz maravilhas
com ele, que todos os problemas se resolvem através dele e, sobretudo, que se faz o que nos
apetece com ele. Não é verdade.
Depois de o ter nas mãos, ele perde grande parte do seu
fascínio. Afinal, não podemos fazer o que nos apetece e acrescentou-nos um
terrível encargo – responsabilidade.
Quando o temos, todo o poder nos parece pouco, insuficiente,
cheio de condicionantes, mas o verdadeiro desafio é saber usá-lo.
O poder que determina e muda a vida das pessoas não é
nenhum brinquedo ou guloseima, mas o prato principal que alimentará a vida de
muita gente. Deve ser usado com inteligência, sentido de justiça e
oportunidade, ser consequente.
Um poder que se diverte a satisfazer egos é redutor e em
pouco tempo se esfumará.
Não é qualquer pessoa que tem capacidade para exercer o poder, ainda que isto não faça dessa pessoa melhor que ninguém. Embora nem toda
a gente tenha talento para exercer o poder, há muita gente capaz de o fazer com
competência. Por isso, devemos, sempre que possível, rodá-lo de mão, e saber
rejeitá-lo quando insistem que peguemos o cetro mais tempo do que o
recomendável.
Ao exercer o poder mais tempo do que o desejável,
corremos o risco de nos tornarmos autistas, autoritários, burocratas,
insensíveis, ditadores.
Ter o poder não pode/não deve ser um projeto de vida.
Quando tal acontece, a vida tornou-se num deserto sem esperança. O vento
frio das noites gelar-nos-á o coração e tudo o que fizermos terá pouco
sentido.
Antes que o poder te devore, entrega-o, como se ele fosse a
tocha olímpica, consciente que fizeste a tua missão. Só assim terá sido um
prazer, um privilégio, uma honra tê-lo possuído.
Gabriel Vilas Boas
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