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sábado, 17 de dezembro de 2016

O PODER DESTRUTIVO DO “MAS”


A palavra “mas” é das palavras mais mal usadas na sintaxe do português. Usa-se muitas vezes sem critério, sem reflexão, sem  propósito, subvertendo por completo o seu sentido – introduzir uma ideia/oração de sentido contrário à antecedente.
         Mas pior que o seu mau uso é o efeito que ela produz. Quem já não experimentou o anticlímax, altamente destrutivo do “mas” ao ouvir:
Tens imenso talento, mas falta-te uma melhor afinação de voz; O seu curriculum é extraordinário, mas não estamos a contratar; Tens imensas qualidades, mas deixei de gostar de ti; Obtiveste ótimos resultados, mas não sabes tocar piano como a filha da minha colega…
Usamos o “mas” para nos desculparmos, para iludir a nossa falta de coragem, para assumir uma escolha, um gosto, um corte de relações.
Para quem ouve, aquele “mas” é igual a um “não”. Querem lá saber que apareça vestido caridosamente de “mas”.
Há momentos em que devemos deixar o “mas” no dicionário e começar a nossa frase pelo “Não” que queremos dizer.
A um adversário podemos dar luta, mas há “mas” que apenas têm pena de ti, que te tentam amaciar a tristeza ou a fúria.
Quem usa este “mas” não é nenhum tonto ou ignorante, antes conhece perfeitamente o sentido correto da conjunção. Saber usar as palavras certas no momento certo não pode ser apenas uma arte, também tem de ter um sentido ético e humano. Há momentos em que o “mas” não faz falta nenhuma.

Gavb  

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