Adolf Eichmann é daqueles homens que fica na História do
século XX pelos piores motivos: ele foi o burocrata nazi, cujo trabalho era organizar
o transporte do maior número de judeus para os campos de morte, no mínimo tempo
possível. E nisso ele foi desgraçadamente competente.
Em 1942, Eichmann participara na célebre reunião em que se
discutiu o tema da “Solução Final”, onde as altas patentes do regime nazi
decidiram o assassínio massivo dos judeus.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Eichmann conseguiu
escapar à captura dos Aliados e fugiu para a Argentina, onde viveu incógnito até
1961, altura em que foi capturado e levado para Israel para ser julgado.
Durante o julgamento, Eichmann alicerçou a sua defesa no
argumento de que se limitou a seguir ordens, mas de nada lhe valeu, pois viria
a ser condenado à morte, em 15 de Dezembro de 1961 e executado meio ano mais
tarde.
A cobrir o julgamento para o New York Times, a filósofa alemã Hannah Arendt fez notar a
vulgaridade de Eichmann assim como o seu não arrependimento.
«À beira da morte [Eichmann] encontrou o cliché usado na
oratória fúnebre. Sob o patíbulo, a sua memória pregou-lhe uma última partida;
estava «exultante» e esqueceu que aquele era o seu próprio funeral.»
Mais tarde, a mesma Hannah Arendt voltou a esta figura
sinistra.
«O problema com Eichmann era precisamente o de muitos serem
como ele, e não serem nem pervertidos nem sádicos, mas de serem terrível e
assustadoramente normais. Do ponto de vista das nossas instituições legais e
dos nossos padrões morais de julgamento, esta normalidade era muito mais
aterradora do que todas as atrocidades no seu conjunto, porque tal implicava -
como foi dito em Nuremberga vezes sem conta pela defesa e pelos seus advogados
- que este tipo de criminoso, que é de facto um inimigo da humanidade, comete os
seus crimes em circunstâncias que lhe tornam quase impossível saber ou sentir
que aquilo que faz está errado.»
Eichmann é o claro exemplo da banalidade do mal de que a
filósofa alemã falava.
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