Os últimos meses deste ano ficam marcados pelo
desaparecimento de várias figuras públicas internacionais, especialmente do
mundo artístico, como George Michael, David Bowie, Leonard Cohen. Ontem morreu
William Salice, o inventor do ovo de chocolate Kinder Surpresa. Apesar dos seus
83 anos, morreu na sequência de um AVC.
Depois da morte, no ano passado, de Michele Ferrero
(fundador da Ferrero e “inventor” da Nutela), o mundo do chocolate e dos
criadores de sonhos doces, para milhões de crianças, fica mais pobre.
Salice era um homem bom e humilde. Apesar de ser o «pai» do
Ovo Kinder, preferiu atribuir os louros ao amigo e sócio Ferrero: “Quem o
[Kinder Surpresa] pensou foi Ferrero, eu só o executei.”
O certo é que a parceria durou mais de meio século e
contribuiu para a felicidade de milhões e milhões de crianças e adultos, ao
longo de várias gerações, um pouco por todo o mundo. Ironicamente, o homem, que
deu cor e sabor à Páscoa, morreu no Natal.
Racionalmente todos percebemos que a vida, na sua finitude,
é feita de ciclos e o de Salice estava no fim, mas o nosso coração, a nossa
alma não é nenhum CPU, e fica triste quando alguma coisa bela acaba.
Um criador,
seja ele músico, escritor, publicitário ou chocolateiro, transforma a vida das
pessoas, fá-las sonhar, fá-las felizes.
É maravilhoso saber que há pessoas que sorriem de satisfação
quando experimentam alguma criação nossa. É formidável sentir que os outros, às
vezes milhões de outros, têm um momento no dia em que sentem verdadeiro prazer de
viver… por nossa causa.
Gabriel Vilas Boas
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