Milhares de pessoas passaram pelo divã do “Gordo”, respondendo às suas perguntas: umas vezes provocatórias, outras incisivas, algumas paternalistas, muitas vezes “normais”.
Dos programas de Jô, o povo brasileiro esperava sempre o sumo doce de uma boa entrevista regada com humor. E normalmente, Jô Soares dispunha bem os seus convidados e o seu público.
No meio de mais de quinze mil entrevistas algumas correram mal. Nem sempre o humor corre bem aos humoristas e o público acha que “as suas piadas não tiveram graça” ou o entrevistado sentiu-se menosprezado. É um risco que o humorista corre, especialmente quando se mantém largos anos frente à câmara e todos os dias tem que “inventar a roda”, que é como quem diz criar a magia necessária que os faça rir, até da própria desgraça.
Jô Soares marcou um tempo e gerações, no Brasil do final do século XX. Um pouco à imagem do que aconteceu com Herman José, ele foi o “regime”, o status quo do humor e da entrevista no país do samba, do carnaval e do futebol.
Como seria natural o Brasil transformou-se. Talvez as piadas de Jô já não produzam o efeito do passado, mas é inegável a sua importância social e cultural, dentro da sociedade brasileira. Através dele, os brasileiros ouviram os seus ídolos, os seus presidentes, os seus artistas e desportistas e até figuras mundiais como Gorbachev. Ninguém seduziu tanto o povo como ele.
Agora que o caminho acabou, é obrigatório dizer-lhe “Muito Obrigado Jô, foi uma honra, um prazer tê-lo por companheiro estes últimos trinta anos!”
Gavb
Sem comentários:
Enviar um comentário