Nada mais perversamente simbólico
do que assinalar o dia mundial da paz com um atentado, vitimando dezenas de
pessoas e ferindo quase uma centena. Aconteceu na Turquia, onde no ano de 2016
morreram 180 pessoas, em consequência de atentados terroristas.
Não acho que o mundo esteja perto
de viver um terceira guerra mundial, pois isso não convém até aqueles que vivem
da guerra e do ódio, mas está perto de entrar na era israelita, que é como quem
diz, em alerta permanente, aprendendo a viver com o terror de um ataque
irracional e cobarde.
A paz é um bem primordial,
pois a partir dela outros se constroem ou consolidam. Não é apenas a ambição
desmedida de determinados líderes políticos que ameaça a paz, mas sobretudo um
sistema económico internacional que faz crescer as desigualdades a um nível tão
elevado que povos inteiros têm de partir para sobreviver.
Como diria Jorge Palma, este é
um sistema que “consome e aleija”. Ainda que não mate, degrada e torna-nos
bichos intolerantes, incapazes de compreender e defender bens tão consensuais
como a paz.
A paz constrói-se nas atitudes
do dia-a-dia, mas também nas práticas negociais ou na rejeição de uma política
de retaliação.
Importa perceber que a paz não
é um consenso generalizado, mas o respeito pela diferença, pelo triunfo do
outro, pelo seu diferente modo de viver.
Como fazer a paz com quem a
rejeita ou adora “provocar” uma briga? Tal como há a arte da guerra também
existe a arte da… paz! Paciência, inteligência, resiliência, coragem,
determinação.
Estes princípios podem
aplicar-se igualmente à vida pessoal de cada um. A maioria de nós nada decidirá
sobre as relações entre os povos, mas tem a possibilidade de interferir no modo
como se relaciona com o colega de trabalho, o vizinho ou o irmão. Eles são o “seu
mundo”. A paz é um estado de espírito! Cabe a cada um ir cortando a rede de
arame farpado que nos cerca perigosamente.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário