No final de 2015, o governo retirou a proibição das
famílias chinesas terem mais de um filho. Depois de quatro décadas de política
de filho único, as autoridades de Pequim acharam que já era altura de devolver
aos chineses o direito de terem os filhos que quisessem. Os resultados não se fizeram
esperar e são agora divulgados: neste primeiro ano de liberdade, os chineses
tiveram quase dezoito milhões de novos cidadãos, o que se cifrou num aumento de
7,9% face a 2015.
Se tivermos em conta que na primeira década do século XXI, a
população chinesa aumentou, em números redondos, 100 milhões de pessoas (10
milhões por ano) verificamos que o ritmo aumentará significativamente, em
liberdade de procriação.
O problema chinês, em 1970, era económico, como se prova com
esta restituição da liberdade aos casais chineses. O grande Mao Tse Tung falhou
a estratégia de crescimento chinesa quando pensou que o crescimento se faria
multiplicando gente no meio de um comunismo sui generis e de uma economia estatizada.
Quando Deng Xiaoping fez cair a China na realidade e impôs medidas desumanas de controlo
da natalidade, os chineses viviam no limiar da pobreza. Passados
quarenta anos, respirando a plenos pulmões uma política de mercado, onde são
eles a ditar as leis, os governantes chineses começam a devolver ao seu povo alguns direitos básicos
que lhe foram tirados.
É verdade que os chineses estão a envelhecer, é verdade que
há 80 milhões de filhos únicos que não puderam ter irmãos, mas a principal
razão para os chineses terem acabado com a política do filho único foi o desafogo
económico em que vive a China.
O Baby Boom chinês está em marcha. Não sei se eles caberão
todos dentro da Grande Muralha, mas, com o dinheiro que os chineses fazem
nascer, não me surpreendia que, um dia destes, os chineses comprassem uns
territórios em África ou arrendassem um país em crise para instalar os duzentos
milhões de novos chineses que nascerão na próxima década.
Gabriel Vilas Boas
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