A palavra é feia e ninguém gosta de a assumir facilmente,
mas a verdade é que passamos muitos dias da nossa vida acarinhando
ressentimentos. Com os amigos, com familiares, com os colegas de trabalho, com
a vida.
O ressentimento é uma espécie de erva daninha que nos cerca
o coração e nos aperta a bondade tão vorazmente que, em poucos meses, ficamos
amargos, injusto, quase velhacos. Fechados num castelo ilusório de razões que
pouco mais não são do que águas passadas lá vamos construímos muros em volta.
O que procura o ressentido? Infligir um castigo, uma lição
a quem o magoou! O que consegue? Magoar-se, isolar-se, derrotar-se.
O ressentimento é uma prisão poderosa, porque se aprofunda
com facilidade. É um lugar difícil de sair, pois tem um carcereiro vigilante: o
orgulho ferido.
É difícil relativizar as nossas mágoas, porque são nossas e
parece que nelas está tudo o que somos, mas elas são apenas mágoas. Hoje são as
nossas, amanhã são as de outros. Os erros, os nossos e os dos outros, sempre
acontecerão, com uma regularidade surpreendente. Hoje compete-nos compreender e
perdoar, amanhã será a vez dos outros.
O medo que os outros não o façam corrói-nos o orgulho e
paralisa-nos a vontade, sempre que nos falta coragem e grandeza de perceber o
que é mais importante e nos faz melhor.
A única coisa que atrasamos, quando nos
deixamos dominar pelo ressentimento, é a nossa vida. Quem quer saber dum tipo
maldisposto e ressentido? Ninguém. Quem tem paciência para um ressabiado?
Ninguém.
Gabriel Vilas Boas
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