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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

QUANTA XENOFOBIA EXISTE ENTRE OS PODEROSOS!


Trump diz que vai expulsar milhões de mexicanos e construir um novo muro da vergonha e é eleito presidente dos EUA; A senhora Le Pen está mais perto do que nunca de ser a próxima presidente de França; os ingleses preferiram sair do Mercado Único a continuar a receber emigrantes; a Rússia de Putin é declaradamente xenófoba a homofóbica.
Qual é o traço comum à Inglaterra, França, EUA, Rússia? Fazem parte dos países mais poderosos do mundo, qualquer que seja o ângulo de análise: pertencem ao Conselho de Segurança da ONU; fazem parte do G7; são pedras basilares nos três continentes mais importantes do mundo; têm uma grande capacidade de influência sobre muitos outros países; são dos povos mais cultos e desenvolvidos.

Por que têm eles inesperadamente uma orientação política tão xenófoba? Acho americanos, russos, franceses e ingleses sempre foram povos que se habituaram a submeter os outros, a viver num mundo em que as suas posições estavam asseguradas. Grande parte da população americana, francesa, inglesa ou russa não concebe que tenha que mostrar diariamente que é melhor que um estrangeiro para garantir o seu posto de trabalho. Por outro lado, estas populações sempre se habituaram a olhar para determinados povos, normalmente pessoas de cor, como seres inferiores, cujo papel na sociedade seria servi-los, nunca disputar-lhes o lugar. Quando a crise económica chegou e concorrência escolheu os melhores, não conseguiram esconder mais as garras que dominam o seu espírito tacanho e cederam aos instintos mais básicos.

Há outra América para além daquela que vemos nos filmes; há uma França que nunca saiu das colónias e uma Inglaterra acha que tem um direito eterno a impor aos outros as regras que melhor lhe convém, como é verdade que o espírito de muitos russos ainda habita no tempo dos czares ou na época  do estalinismo.
Não me admira que sejam os gregos ou os italianos a não se negarem a acolher os migrantes. A cultura greco-latina é uma cultura elevada, nascida entre filósofos, políticos de alta estirpe, gente que amava a arte e o humanismo. Gente habituado a pensar, habituada ao respeito pela diferença.
Centenas de anos depois, houve povos que enriqueceram, tornaram-se importantes, até à lua foram, mas continuam a gatinhar quando falamos de Humanidade.

Gabriel Vilas Boas

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