Trump diz que vai expulsar milhões
de mexicanos e construir um novo muro da vergonha e é eleito presidente dos
EUA; A senhora Le Pen está mais perto do que nunca de ser a próxima presidente
de França; os ingleses preferiram sair do Mercado Único a continuar a receber
emigrantes; a Rússia de Putin é declaradamente xenófoba a homofóbica.
Qual é o traço comum à
Inglaterra, França, EUA, Rússia? Fazem parte dos países mais poderosos do
mundo, qualquer que seja o ângulo de análise: pertencem ao Conselho de Segurança da ONU; fazem parte do G7; são pedras basilares nos três continentes
mais importantes do mundo; têm uma grande capacidade de influência sobre muitos
outros países; são dos povos mais cultos e desenvolvidos.
Por que têm eles
inesperadamente uma orientação política tão xenófoba? Acho americanos, russos,
franceses e ingleses sempre foram povos que se habituaram a submeter os outros,
a viver num mundo em que as suas posições estavam asseguradas. Grande parte da
população americana, francesa, inglesa ou russa não concebe que tenha que
mostrar diariamente que é melhor que um estrangeiro para garantir o seu posto
de trabalho. Por outro lado, estas populações sempre se habituaram a olhar para
determinados povos, normalmente pessoas de cor, como seres inferiores, cujo
papel na sociedade seria servi-los, nunca disputar-lhes o lugar. Quando a crise
económica chegou e concorrência escolheu os melhores, não conseguiram
esconder mais as garras que dominam o seu espírito tacanho e cederam aos instintos
mais básicos.
Há outra América para além
daquela que vemos nos filmes; há uma França que nunca saiu das colónias e uma
Inglaterra acha que tem um direito eterno a impor aos outros as regras que
melhor lhe convém, como é verdade que o espírito de muitos russos ainda habita
no tempo dos czares ou na época do estalinismo.
Não me admira que sejam os
gregos ou os italianos a não se negarem a acolher os migrantes. A cultura
greco-latina é uma cultura elevada, nascida entre filósofos, políticos de alta
estirpe, gente que amava a arte e o humanismo. Gente habituado a pensar, habituada
ao respeito pela diferença.
Centenas de anos depois, houve
povos que enriqueceram, tornaram-se importantes, até à lua foram, mas continuam
a gatinhar quando falamos de Humanidade.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário