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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O CORAÇÃO DA EUROPA CONGELOU


O pior frio é aquele que nos gela o coração. Quando nos deixamos dominar pela insensibilidade, facilmente nos tornamos desumanos e somos capazes de não-atitudes tão lamentáveis quanto revoltantes.
O que se passa atualmente com os milhares de refugiados sírios, há meses à espera de uma solução para entrar na Europa, é uma mancha muito feia na dignidade e humanidade do continente europeu.


Talvez não seja exagerado compararmos estes campos de refugiados aos campos de concentração nazi, pois parece que os líderes europeus esperam que estes milhares e milhares de sírios sucumbam ao frio, à fome, à doença. Hitler era maníaco, maluco, pensou no extermínio em massa dos judeus; alguns líderes europeus pouco melhor são: hipocritamente vão adiando a  resolução da situação, nos seus gabinetes aquecidos, enquanto na Grécia, na Itália, em França, dezenas e dezenas de milhar de crianças, homens doentes, mulheres debilitadas, velhos morrem aos pedaços, perante tamanha insensibilidade das sociedades europeias, incapazes de obrigar os seus governos a recolher esta gente durante o inverno. Há países que os querem acolher, como Portugal, mas a assassina burocracia de Bruxelas, conjugada com a desumanidade de alguns líderes europeus como o húngaro Viktor Órban, impede que a operação de resgate destas vidas já esteja em marcha.


Tinha esperança que a comunicação social europeia pressionasse a opinião pública e obrigasse Bruxelas a agir, mas acho que isso não acontecerá. Talvez uma campanha através das redes sociais produza algum efeito, no entanto, já será impossível impedir que alguns morram.
A Europa sempre foi a locomotiva que impulsionou o mundo. A diversidade cultural, a liberdade e a democracia fizeram-na rica, desejada, culta. Foi essa ideia que atraiu os sírios em desespero, perante a guerra civil que tomou o seu território. Hoje somos mais do que uma enorme desilusão, tornamo-nos assassinos por omissão.
Gabriel Vilas Boas

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