A decisão do Ministério da Educação
de fazer concorrer na mesma prioridade os professores do ensino privado e os
professores contratados do ensino público fará estalar definitivamente a guerra
entre os professores, reabrirá feridas mal cicatrizadas e colocará a FENPROF
(sobretudo esta) numa posição delicada, em que finalmente terá de se assumir,
como sindicato de todos os professores ou só de alguns professores.
Ainda que ache que esta tomada
de posição de ME vá causar algumas injustiças, concordo com ela. Uma coisa é eu
defender uma escola pública pujante e que se faça justiça aos professores que
nela trabalham, outra coisa é achar que há professores de 1.ª e professores de
2.ª. Não há e quem tem de zelar por isso é precisamente o Ministério da Educação.
No início do ano letivo, o ME impôs
regras claras aos colégios sobre os contratos de associação. Na sequência dessa
definição, centenas de professores foram despedidos. Aqueles que permaneceram ficaram a ensinar alunos a quem as escolas públicas da área de
residência não ofereciam alternativa, ou seja, estão a executar um serviço
público. São esses professores do ensino privado, com quem o ministério da
educação tem contrato de associação, que podem concorrer na mesma prioridade que os
professores contratados das escolas públicas.
Onde reside a grande revolta
dos professores contratados das escolas públicas? Não tiveram (têm) as mesmas
hipóteses, no recrutamento feito pelo privado. É verdade. Todavia, uma
injustiça não se colmata com outra injustiça, mas com o desfazer das
injustiças criadas. É justo que um professor a lecionar há vinte anos num
colégio seja ultrapassado num concurso para uma escola pública por um colega
que leciona há cinco anos? É justo que lhe seja realmente vedada a hipótese à
vinculação pública, apenas porque lecionou num colégio? A sua vida não esteve
em suspenso ano após ano como um contratado? Dir-me-ão que não amargou, todos
os anos, a troca de escola, o ficar longe da família. É verdade, mas partilhou
outros medos, como por exemplo a não renovação de contrato. Além de que os seus
direitos (faltas por doença e maternidade, recusar trabalhar para além do
horário) nem sempre foram totalmente respeitados.
Impedir os professores do
ensino privado, com contrato de associação, de concorrer na mesma prioridade seria uma injustiça maior, especialmente
depois do ME ter revogado muitos contratos de associação.
A FENPROF e Mário Nogueira são
os grandes perdedores desta negociação com o governo. Negociar com os amigos é
muito mais difícil do que se pensa! Mário Nogueira só tem um caminho: ser um
verdeiro líder de todos os professores. O que ele deve propor ao governo não
são prioridades diferentes para professores do privado e público, mas propor ao
governo que imponha aos colégios com contratos de associação as mesmas regras
de contratação que existem no público. O colégio não quer? Está no seu direito,
mas perde a ajuda do Estado. Se o colégio presta um serviço à comunidade não
pode ser um sítio onde apenas trabalham os amigos do patrão.
Provavelmente não
conseguiremos chegar a este ponto de evolução nos próximos tempos, mas não será
por falta de acordo entre os professores.
Gabriel Vilas Boas
Até será bom, a ver se ganham traquejo. É sabido que um prof do privado não lida nem com metade do que um prof do público :)
ResponderEliminarComo???? Nem posso crer...
EliminarDeixe-me ver...os meus doutos colegas trabalham 35 horas na escola? Têm só 5 dias de pausa pedagógica no Natal e na Páscoa? Têm só mesmo 22 dias de férias por ano? A partir de junho não passam dias em casa à espera de ser convocados para uma ou duas vigilâncias (a terceira já é capaz de provocar protesto e comparação com o outro colega do grupo que só foi chamado para uma, ainda); quarta-feira de carnaval estão a trabalhar? Nem vou continuar...mas não sei quem é que precisa de traquejo...
Digamos que no privado há outros parâmetros com mais peso para a colocação de professores...Não arriscaram, como nós, a ir para longe, e agora sai-lhes a lotaria... A nós, mais uma vez, a terminação.
EliminarSe é para igualar as condições, então o Ministério da Educação ao fim de três contratos consecutivos, que coloque o professor nos quadros, como acontece no privado. Se isso tivesse acontecido eu estaria no quadro desde o ano letivo 2010/2011.
ResponderEliminarEu estaria desde o ano letivo 2009/2010. Mas não. Neste momento tenho a minha esposa com o meu filho de 8 anos na Madeira e eu no Algarve - Lagos. Vida muito triste!!!
EliminarPois... mas, como sabes, não é isso que se passa.
ResponderEliminarColocaram uma estrela amarela no peito dos docentes das escolas com contrato de associação, esse é o problema. Por outro lado, é difícil para muitos compreender que não foram eles quem estabeleceu essa forma de contratação e tomam um por todos. Lamentaram muito a situação dos docentes retratados na reportagem da Ana Leal, aplaudiram o fim ou dos contratos de associação, mas agora querem-nos longe, com argumentos tão injustos, falsos, muitas vezes cruéis e ofensivos. Era por esse caminho que se deveria ir, os professores serem colocados pelo ME, quem não aceitasse perdia o contrato. Se esse é o problema, ficava resolvido. Acrescento um exemplo, sei de uma escola com contrato de associação que se viu e desejou para conseguir colocar alguns professores, com anúncio, divulgação nos media e redes sociais. Neste momento, qualquer docente tem receio em aceitar trabalhar nestas escolas, com medo de ser imediatamente rotulado e marginalizado. Custa a crer, mas é verdade..
ResponderEliminarAcredito..é vergonhoso! Enfiam todos dentro do mesmo saco. Mas engraçado que alguns nem querem ir para lá e criticam quem vai.. Enfim!
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