A Juventude Socialista anda
sem protagonismo político e resolveu ressuscitar o tema para fazer prova de
vida. Ao que parece, pode ter o apoio da JSD (não me admirava) em contraste com
aquilo que pretendem os jovens do PP, que preferem ensinar a abstinência sexual
até ao casamento.
Sobre a legalização da
prostituição, sou contra. Não fugindo ao tema, apesar de ele ser tão premente
como a fome, acho que o Juventude Socialista está a ver mal o problema.
Se a questão é a segurança e a
saúde das prostitutas, há formas de garanti-las sem legalizar. Aliás, legalizar a prostituição não garantia melhor assistência médica ou policial às prostitutas, pois não
seria criado nenhum corpo especial da polícia para as proteger nem elas passavam a
ter atendimento prioritário nos hospitais ou centros de saúde.
Se a questão é taxar a
atividade (e parece que é), as prostitutas agradecem, mas vão declinar o convite
para pagar. Será um fiasco completo. Teremos uma lei tão desrespeitada como o
Acordo Ortográfico.
Não se legaliza uma atividade
porque ela se tornou tolerada pela população. A lei deve procurar a
legitimidade e a legitimidade de qualquer lei comporta uma dimensão ética e
moral ineludíveis.
A lei é a
concretização de um projeto de sociedade. Nenhuma sociedade se pode rever na
prostituição, porque ela retira dignidade ao ser humano. É possível que não nos caiba fazer julgamentos quanto ao carácter de cada um, mas não é admissível que
aceitemos como regra algo em que não nos revemos em absoluto.
A afirmação política de uma juventude partidária não deve
apenas fazer-se através da discussão pública de temas fraturantes e polémicos.
Gostava muito mais que a Juventude Socialista dissesse o que pensa sobre a
iminente nacionalização do Novo Banco, por falta de propostas decentes para a
sua compra. Afinal, este é um tema que afetará os jovens que agora ascendem ao
mercado de trabalho. Uma coisa é trazer a debate temas que fazem um ótimo fogo-de-artifício,
outra coisa é apresentar propostas sobre assuntos que
influenciarão a vida dos jovens e menos jovens na próxima década. A Juventude
Socialista optou pelo foguetório.
Gabriel Vilas Boas
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