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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

JOGOS INFANTIS, Pieter Brueghel


Regresso, hoje, à pintura e a um dos meus pintores favoritos, o flamengo Pieter Brueghel, o Velho, para apresentar o quadro JOGOS INFANTIS.
Este quadro revela uma das facetas mais vincadas em Brueghel – o gosto por pintar cenas do quotidiano, em que as personagens centrais são pessoas do povo, sem grande estatuto social.

Neste quadro (um óleo sobre tela de 1560), Brueghel pinta duas centenas de crianças, praticando uma multiplicidade de jogos, alguns deles ainda nos são hoje familiares: cabra-cega, esconde-esconde, o jogo do castelo, o jogo de pião, a boneca, andar de cadeirinha.

As crianças, pintadas por Brueghel nesta tela de proporções generosas (118x161cm), parecem adultos em miniatura, usando o mesmo tipo de roupa que os seus pais levavam para o seu trabalho nos campos. 
Brueghel parece mais interessado em pintar os jogos infantis do que pormenorizar as crianças. Interessa-lhe sobretudo a cena do quotidiano e não tanto a expressão das figuras representadas.


As crianças preenchem toda a tela e marcam presença nos vários espaços representados: rio, ruas, casas, jardins. As suas roupas são coloridas, predominando vermelho e o azul, que contrasta claramente com o fundo amarelado da composição. As diferenças fisionómicas entre as crianças são pequenas, mas é possível perceber que as que se encontram em primeiro plano são maiores do que aquelas que se distanciam do observador.

Brueghel quebra a possível monotonia que a composição podia ter através da postura corporal das crianças, onde o movimento está sempre presente, o que faz com que não haja duas crianças iguais em duzentos exemplares.  

Olhando mais pormenorizadamente o quadro, destaco o edifício representado ao centro do quadro, ao fundo do cenário. Parece ser um edifício importante dentro da comunidade, mas não há sinal de nenhum adulto ou algum funcionário. Os petizes brincam descontraídos, em sítios que deviam ser ocupados por adultos. O que quis sugerir Brueghel com isto? Talvez a descontração com que a vida quotidiana era vivida na sua época, realçada através da liberdade de movimentos das crianças.

Gabriel Vilas Boas

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