Aquilo que parecia ser uma razoável notícia para muitos dos
professores contratados pode acabar por se tornar numa grande frustração: a
vinculação extraordinária de professores contratados terá tantos “ses” que
poucos professores serão abrangidos.
A mais recente proposta do ME aponta para doze anos de
serviço, mas tem duas fortes condicionantes: tempo de serviço exercido com qualificação
profissional + colocação no mesmo grupo
disciplinar em cinco dos últimos seis anos.
Esta última condição é fatal para milhares de professores
contratados, pois eles foram exercendo a sua profissão onde os seus serviços
eram requisitados e onde as suas habilitações o permitiam. Se há coisa que um
professor contratado não se pode dar ao luxo é escolher a disciplina que vai
lecionar. Ele quer é trabalhar, desde que tenha as qualificações necessárias
para tal.
O que interessa é que exerceu a sua profissão durante X anos.
Se lecionou três anos de Português e outros tantos de Francês, o que é que isso
o torna inferior a quem lecionou seis anos de Português? Nada.
A sua profissão
é ser professor.
A vinculação é ao Ministério da Educação, que precisou dele
durante anos.
Esta possível condição apresentada pela tutela aos
sindicatos é a chamada “condição da treta” para excluir milhares de docentes da
vinculação extraordinária de professores, que os tribunais europeus há muito
mandaram o governo português executar. A confirmar-se, é uma proposta rasteirinha
que envergonha qualquer negociante governamental de boa-fé.
Mário Nogueira e o PCP devem assumir-se agora, levantar a
voz, mostrar a sua indignação e revolta. Eles que sempre acusaram os governos de direita
em ser fortes com os fracos e fracos com os fortes, têm a oportunidade e o
dever de ser fortes com os amigos como o são com os “inimigos”.
Mário Nogueira
tem que provar que defende realmente os direitos dos professores e se não é
capaz de recolher de um governo de esquerda uma proposta decente de vinculação
dos professores contratados, então deve assumir o fracasso e retirar as devidas
consequências.
Algo semelhante se aplica ao PCP: se não conseguir convencer um
governo do PS a apresentar uma proposta digna aos injustiçados professores
contratados portugueses, então o melhor é retirar do seu léxico slogans como “defesa
dos trabalhadores”. Num certo sentido, eles também são poder e esta questão é
também emblemática para eles.
Gabriel Vilas Boas
Concordo plenamente!! Chega de fazer de nós "capachos"
ResponderEliminarUm texto muito bem feito que explica na íntegra a minha situação e a minha frustração. E mais, basta que um contratado faça 5 contratos de 1 mês no mesmo grupo de recrutamento para poder efetivar. Sem sentido! Além de que a minha licenciatura inicial era única-Português e Francês. O ME é que decidiu desmembrar este grupo.
ResponderEliminarHá ainda aqueles a quem a profissional ação lhe foi negada pelo ME e agora a manter-se esta proposta correm o risco de ficarem maia uma vez excluídos, após mais de 20 anos de serviço.
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