Na maneira como hoje encaramos a vivência dos sentimentos,
perdoar é um sinal de fraqueza, quando não de estupidez. Quem perdoa é um tonto
que acredita que quem errou uma vez, não voltará a errar, mas a maioria acha
isso impossível.
Essa ridicularização do perdão assenta, antes de
mais, na não assunção da culpa por parte de quem erra e na facilidade com que voltará a
errar. No entanto, o perdão depende muito mais da generosidade e grandeza do
coração daquele que perdoa do que da contrição daquele que falhou.
Claro que o arrependimento ajuda e predispõe ao perdão, mas
não é condição absolutamente necessária nem suficiente. Há quem perdoe sem exigir
um pedido de desculpas como há quem não o consiga fazer por mais arrependimento
que veja no outro.
O perdão é um sentimento de grande nobreza e exigência.
Nunca nos diminui, mesmo que aquele a quem o concedemos não seja digno dele.
Perdoar não significa esquecer, mas obriga-nos a não estar constantemente a
lembrar o erro passado, pressupõe a concessão de nova oportunidade, a real
vontade de deixar o outro escrever outra história, com os mesmos protagonistas.
Nem toda a gente consegue perdoar. Muitas vezes não é
porque não quer, mas simplesmente porque não consegue. Há que entender e
aceitar, sem disso concluirmos qualquer motivação vingativa.
Muitos referem que só quem ama muitíssimo é capaz de um ato
tão corajoso e generoso como é o perdão. É provável que assim seja, mas eu
prefiro acreditar que se trata «apenas» de alguém com uma alma enorme e que não
deixou de acreditar na capacidade de regeneração do ser humano.
Um dos maiores pacifistas do século XX, Gandhi, certo dia
disse: “O fraco não pode perdoar. O perdão é um atributo dos fortes.” Talvez,
por isso, a suposta força de muitos seja apenas um sinal de fraqueza e
incapacidade de ser verdadeiramente grande.
GAVB
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