Conheci alguém que era típico de uma
novela de ficção científica porque muito avançado no tempo. Um homem do futuro
que teve, não sei se por escolha própria ou destacamento divino, de viver neste
tempo e neste espaço: nasceu em 1938 e faleceu em 2010, em Mendoza, Argentina.
Chamava-se Mario Rodriguez Cobos, mas
todos lhe chamavam Silo ou, mais intimamente, Negro. Era um atleta de nível
olímpico, um aluno a quem os professores recorriam quando não entendiam algumas
matérias, como Husserl, e a sua bondade era tão profunda que dedicou toda a sua
vida a tentar transmitir como se pode superar o sofrimento da mente humana.
Lançou o Movimento Humanista, a expressão prática da corrente de pensamento que
intitulou de Humanismo Universalista. Este Movimento chegou a todos os cantos
da Terra com o esforço dos seus membros, todos voluntários.
A sua espiritualidade era tudo menos dogmática, e sim transmitida pelo seu exemplo de ação. Em vez de nos apresentar uma lista de mandamentos impondo uma moral longínqua, partilhava com todos a sua experiência de contacto com o Sagrado, a sua certeza de que a morte é uma ilusão.
A sua máxima coerência entre o que
pensava, sentia e fazia era tal e a sua proposta de transformação era tão
profunda, que incomodou tremendamente os poderosos de várias áreas. As elites
religiosas, políticas (tanto à direita como à esquerda) e militares
perseguiram-no, atentando contra a sua vida algumas vezes, prendendo-o
frequentemente, e como não o conseguiam eliminar (tinha o “péssimo” dom de se
adiantar aos acontecimentos), começaram uma intensa campanha de difamação. Essa
sim, bastante eficiente e nefasta, porque denegria qualquer intenção
humanizadora dos membros do Movimento Humanista.
A contribuição de Silo para a humanidade
foi enorme, mas tem sido muito silenciada. É tão extensa que se torna difícil
sintetizá-la num artigo. Mas aqui fica o intento.
Todo o ser humano tem em si mesmo
possibilidade de gerar o seu espírito, uma energia de superior qualidade, mais
coesa, que perdura para além da morte. Para tal, o ser humano precisa de
multiplicar os seus atos unitivos e superar os atos contraditórios. Os atos
unitivos são aqueles que ajudam a superar a dor e o sofrimento nos outros seres
humanos. Não há castigo, não há culpa, não há ameaças do além, não há inferno.
Há apenas um caminho de ascese para todo aquele que se vá tornando consciente
de si mesmo e ajude os outros a fazer o mesmo. Também não importa se se
acredita ou não em Deus, pois as crenças são ilusões, tal como os devaneios. O
que importa é a experiência de contacto com o Sagrado na profundidade na nossa
consciência.
Por isso para Silo o fracasso é o melhor que nos pode acontecer. Aqueles que sentem o fracasso das ilusões, das crenças, da tentativa de compensar os seus medos com elementos externos a si mesmos, poderão entrar num processo de procura humilde e sincera que levará ao contacto com a verdadeira sabedoria, força e bondade.
Por isso para Silo o fracasso é o melhor que nos pode acontecer. Aqueles que sentem o fracasso das ilusões, das crenças, da tentativa de compensar os seus medos com elementos externos a si mesmos, poderão entrar num processo de procura humilde e sincera que levará ao contacto com a verdadeira sabedoria, força e bondade.
Para nos guiar neste caminho de ascese, que
é definitivamente escolha e trabalho de cada ser humano consigo mesmo e em
constante partilha de experiências em comunidade (é em experiências com os
outros que a energia ou Força se torna mais potente), Silo lançou imensas
propostas através de livros e atividades concretas. O Livro “A mensagem de
Silo” é a referência.
Natacha Mota.
Natacha Mota.
Gracias he un texto precioso
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