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quinta-feira, 6 de abril de 2017

OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO VÃO DEIXAR DE SER COISAS


Passamos dezenas de anos a dizer que o cão é o melhor amigo do homem, que adorámos gatos ou temos uma fascinação por aves. No entanto, perante a lei, estes animais da nossa afeição não eram mais do que coisas. 
Daqui a alguns dias, entra em vigor uma nova lei, que confere aos animais um estatuto jurídico que os afasta dos objetos e os aproxima do ser humano.

Quem tem animais de estimação sabe perfeitamente a importância que eles podem ter (e têm) na vida do ser humano. Essa importância vai muito para além da utilidade prática da vigia da casa ou de segurança do dono. Em muitos casos, os animais domésticos são uma companhia que abafa a solidão ou as amarguras da vida. Noutros casos, eles redimensionam de tal maneira a vida dos donos que os acolheram ou criaram as condições para que nascessem e se desenvolvesse que assumem nessas vidas um papel central.


Mudar o estatuto jurídico dos animais é um desafio à nossa maturidade social. Mais importante do que punir quem maltrata gratuitamente os animais é ampliar as condições de segurança e higiene para evitar que muitos milhares sejam abandonados todos os anos e acabem por morrer.

Por outro lado é necessário fazer ações de sensibilização para consciencializar as pessoas para a responsabilidade que adquirimos quando adotamos um animal de estimação. Como não são objetos não podem ser tratados como algo descartável, que mais dia menos dia deitaremos fora, porque nos cansamos da brincadeira ou dão muito trabalho. Obviamente darão muito trabalho, como nós também damos, e por isso temos de avaliar se o nosso amor é suficientemente forte por eles, para aguentar todos os inesperados contratempos da vida.

Além desta condição sine qua non, é preciso também perceber se temos as condições materiais e logísticas para ter connosco determinado animal de estimação.  Às vezes é um sinal de grande amor e maturidade perceber que não reunimos as condições necessárias para ter junto de nós um animal doméstico.

A nova lei pretende proteger os animais domésticos dos maus tratos, da negligência dos donos, da maldade de quem não compreende quanto amor, afeto e companheirismo eles aportam à vida de milhares de pessoas. No entanto, ela pode e deve ir mais além, permitindo que a nossa consciência cívica cresça e a nossa humanidade se desenvolva.
https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/106549655/details/maximized

GAVB

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