Passamos dezenas de anos a dizer que o cão é o melhor amigo
do homem, que adorámos gatos ou temos uma fascinação por aves. No entanto,
perante a lei, estes animais da nossa afeição não eram mais do que coisas.
Daqui a alguns dias, entra em vigor uma nova lei, que confere aos animais um
estatuto jurídico que os afasta dos objetos e os aproxima do ser humano.
Quem tem animais de estimação sabe perfeitamente a
importância que eles podem ter (e têm) na vida do ser humano. Essa importância
vai muito para além da utilidade prática da vigia da casa ou de segurança do
dono. Em muitos casos, os animais domésticos são uma companhia que abafa a
solidão ou as amarguras da vida. Noutros casos, eles redimensionam de tal
maneira a vida dos donos que os acolheram ou criaram as condições para que nascessem
e se desenvolvesse que assumem nessas vidas um papel central.
Mudar o estatuto jurídico dos animais é um desafio à nossa
maturidade social. Mais importante do que punir quem maltrata gratuitamente os
animais é ampliar as condições de segurança e higiene para evitar que muitos milhares sejam abandonados todos os anos e acabem por morrer.
Por outro lado é necessário fazer ações de sensibilização
para consciencializar as pessoas para a responsabilidade que adquirimos quando adotamos um animal de estimação. Como
não são objetos não podem ser tratados como algo descartável, que mais dia menos
dia deitaremos fora, porque nos cansamos da brincadeira ou dão muito trabalho.
Obviamente darão muito trabalho, como nós também damos, e por isso temos de
avaliar se o nosso amor é suficientemente forte por eles, para aguentar todos os
inesperados contratempos da vida.
Além desta condição sine qua non, é preciso também perceber
se temos as condições materiais e logísticas para ter connosco determinado
animal de estimação. Às vezes é um sinal
de grande amor e maturidade perceber que não reunimos as condições necessárias
para ter junto de nós um animal doméstico.
A nova lei pretende proteger os animais domésticos dos maus
tratos, da negligência dos donos, da maldade de quem não compreende quanto
amor, afeto e companheirismo eles aportam à vida de milhares de pessoas. No
entanto, ela pode e deve ir mais além, permitindo que a nossa consciência
cívica cresça e a nossa humanidade se desenvolva.
https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/106549655/details/maximized
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GAVB
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