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sábado, 29 de abril de 2017

SILO, UM GUIA ESPIRITUAL E UM HOMEM DE AÇÃO (II)

(Continuação) 


Prosseguindo esta breve apresentação de SILO, abordo três vetores que considero muito importantes para quem procura conhecer um pouco mais sobre este homem extraordinário:os trabalhos publicados, nomeadamente na área da Psicologia, a sua Ação no Mundo e, finalmente, Os Lugares que em todo Mundo nos conectam a Silo.



Psicologia
Aqui, as suas obras de referencia são: “Apontamentos de Psicologia”, compêndio de conferências dadas por Silo em 1975 em Corfu, 1976 e 1978, em Las Palmas de Gran Canaria, e em maio de 2006, em La Reja, Buenos Aires. Em "Psicologia I" o autor estuda o psiquismo em geral como função da vida, na sua relação com o meio e na sua expressão humana. Em "Psicologia II" estuda as três vias da experiência humana: sensação, imagem e recordação, e ilustra a produção e transformação de impulsos ao mesmo tempo que os ordena numa apresentação morfológica de signos, símbolos e alegorias. 

Em "Psicologia III" estuda o sistema de operativa, capaz de intervir na produção e transformação dos impulsos. Estabelece diferenças entre a consciência e o "eu" contrastando os estados de reversibilidade com os estados alterados de consciência. Em "Psicologia IV" estuda o desdobramento dos impulsos; as diferenças entre a consciência, a atenção e o "eu"; estuda também a espacialidade e temporalidade dos fenómenos de consciência, para finalmente definir e estudar as estruturas de consciência e fazer uma incursão nos níveis profundos das mesmas.
Encontramos também, em “Psicologia da Imagem”, a função mobilizadora de cargas das representações mentais, ou imagens; Em “Experiencias Guiadas”, uma aplicação prática da teoria da imagem exposta na obra anterior e, por último, o livro Autolibertação, um manual teórico-prático levam a uma prática concreta de esta Psicologia (recolha de Luis Amman).
“Pode-se definir a Psicologia Humanista Universalista como o estudo da experiência da consciência humana no mundo, entendida como intencionalidade orientada para a superação do sofrimento, mediante processos integradores produzidos pelo domínio da imagem e pela ação coerente numa direção com sentido transcendente.” (Zorrilla, J.)




Ação no Mundo
O Movimento Humanista lançado por Silo é a expressão do Propósito de Humanizar a Terra “Dir-te-ei qual é o sentido da tua vida aqui: humanizar a Terra! O que é humanizar a Terra? É superar a dor e o sofrimento, é aprender sem limite, é amar a realidade que constróis.” Diz Silo em “A Paisagem Humana”.
E como se tem expressado este Movimento ao longo de quase 50 anos? Em múltiplas iniciativas nos campos cultural, académico, político, social, nos níveis local, regional e mundial. É a imagem da Nação Humana Universal (uma imagem do futuro trazida para o presente) que se vai concretizando e mundializando, apesar das censuras e repressões. 

Em todos os continentes milhares de pessoas foram aderindo a estas propostas, umas mais comprometidas e permanentes, outras ajudando pontualmente. A metodologia utilizada é a não-violência ativa, que impulsiona uma profunda transformação das condições sociais que geram sofrimento e violência sobre os seres humanos, promovendo ações concretas com o fim de criar consciência do problema da violência nas suas diferentes formas de manifestação, como a violência física, racial, econômica, religiosa, psicológica e moral.

Silo no Parque de Estudo e Reflexão Toledo, 2009. Em fundo, Natacha Mota
Lugares
Antes de falecer Silo deixou-nos mais um presente, uma oferta preciosa para os tempos duros que vivemos, mas sobretudo para o futuro. Lançou a construção de Parques de Estudo e Reflexão em todo o mundo. Lugares de inspiração, meditação, reflexão, intercâmbio e experiências de bem-estar, com elementos arquitetónicos comuns e muito simples que permitem a maior conexão das pessoas consigo mesmas e as outras pessoas. Entre os principais elementos dos Parques, temos a sala de meditação, uma semiesfera branca sem nenhum tipo de adornos, a fonte da vida, um monólito de aço inoxidável com a data de inauguração de cada parque, e que simboliza a unidade interna e a unidade entre o terreno e o Sagrado, e uma oficina para trabalhos com o fogo e os materiais que este transforma. Tudo está pensado para produzir uma atmosfera amável e tranquila de transformação interna.

O Movimento Humanista, no Porto
Poderia escrever centenas de páginas sobre Silo e o seu legado. Mas todas as milhares de páginas que se escreveriam podem ser substituídas pela experiência que ele nos propõe. Ele próprio nunca falava de si mesmo, não era um tema que lhe interessasse. Apenas lhe interessava transmitir a experiência de que a morte é uma ilusão e que a crença na morte é a raiz de toda a violência.  

De resto, ele não desapareceu. Sempre que fecho os olhos e evoco o meu Guia Interno, lá aparece ele. A sorrir, como sempre.
Natacha Mota

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