(Continuação)
Prosseguindo esta breve apresentação de SILO, abordo três vetores que considero muito importantes para quem procura conhecer um pouco mais sobre este homem extraordinário:os trabalhos publicados, nomeadamente na área da Psicologia, a sua Ação no Mundo e, finalmente, Os Lugares que em todo Mundo nos conectam a Silo.
Psicologia
Aqui, as suas obras de referencia são: “Apontamentos
de Psicologia”, compêndio de conferências dadas por Silo em 1975 em Corfu, 1976
e 1978, em Las Palmas de Gran Canaria, e em maio de 2006, em La Reja, Buenos
Aires. Em "Psicologia I" o autor estuda o psiquismo em geral como função
da vida, na sua relação com o meio e na sua expressão humana. Em "Psicologia
II" estuda as três vias da experiência humana: sensação, imagem e recordação,
e ilustra a produção e transformação de impulsos ao mesmo tempo que os ordena numa
apresentação morfológica de signos, símbolos e alegorias.
Em "Psicologia
III" estuda o sistema de operativa, capaz de intervir na produção e
transformação dos impulsos. Estabelece diferenças entre a consciência e o
"eu" contrastando os estados de reversibilidade com os estados
alterados de consciência. Em "Psicologia IV" estuda o desdobramento dos
impulsos; as diferenças entre a consciência, a atenção e o "eu"; estuda
também a espacialidade e temporalidade dos fenómenos de consciência, para
finalmente definir e estudar as estruturas de consciência e fazer uma incursão nos
níveis profundos das mesmas.
Encontramos também, em “Psicologia da
Imagem”, a função mobilizadora de cargas das representações mentais, ou imagens;
Em “Experiencias Guiadas”, uma aplicação prática da teoria da imagem exposta na
obra anterior e, por último, o livro Autolibertação, um manual teórico-prático levam
a uma prática concreta de esta Psicologia (recolha de Luis Amman).
“Pode-se definir a Psicologia Humanista
Universalista como o estudo da experiência da consciência humana no mundo,
entendida como intencionalidade orientada para a superação do sofrimento,
mediante processos integradores produzidos pelo domínio da imagem e pela ação
coerente numa direção com sentido transcendente.” (Zorrilla, J.)
Ação
no Mundo
O Movimento Humanista lançado por Silo é a
expressão do Propósito de Humanizar a Terra “Dir-te-ei qual é o sentido da tua
vida aqui: humanizar a Terra! O que é humanizar a Terra? É superar a dor e o
sofrimento, é aprender sem limite, é amar a realidade que constróis.” Diz Silo em
“A Paisagem Humana”.
E como se tem expressado este Movimento ao
longo de quase 50 anos? Em múltiplas iniciativas nos campos cultural,
académico, político, social, nos níveis local, regional e mundial. É a imagem
da Nação Humana Universal (uma imagem do futuro trazida para o presente) que se
vai concretizando e mundializando, apesar das censuras e repressões.
Em todos
os continentes milhares de pessoas foram aderindo a estas propostas, umas mais
comprometidas e permanentes, outras ajudando pontualmente. A metodologia
utilizada é a não-violência ativa, que impulsiona uma profunda transformação
das condições sociais que geram sofrimento e violência sobre os seres humanos,
promovendo ações concretas com o fim de criar consciência do problema da
violência nas suas diferentes formas de manifestação, como a violência física,
racial, econômica, religiosa, psicológica e moral.
Antes de falecer Silo deixou-nos mais um
presente, uma oferta preciosa para os tempos duros que vivemos, mas sobretudo
para o futuro. Lançou a construção de Parques de Estudo e Reflexão em todo o
mundo. Lugares de inspiração, meditação, reflexão, intercâmbio e experiências
de bem-estar, com elementos arquitetónicos comuns e muito simples que permitem
a maior conexão das pessoas consigo mesmas e as outras pessoas. Entre os
principais elementos dos Parques, temos a sala de meditação, uma semiesfera
branca sem nenhum tipo de adornos, a fonte da vida, um monólito de aço
inoxidável com a data de inauguração de cada parque, e que simboliza a unidade
interna e a unidade entre o terreno e o Sagrado, e uma oficina para trabalhos
com o fogo e os materiais que este transforma. Tudo está pensado para produzir
uma atmosfera amável e tranquila de transformação interna.
O Movimento Humanista, no Porto |
De resto, ele não desapareceu. Sempre que
fecho os olhos e evoco o meu Guia Interno, lá aparece ele. A sorrir, como
sempre.
Natacha Mota
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