“Se quiserem ser mães, não sacrifiquem a vossa maternidade
pelo trabalho. Ninguém vos vai agradecer por isso. O mesmo para os homens.
Desfrutem. Podem fazer-se, sem dúvida, ambas as coisas.” Carme Chacón
Carme Chacón morreu há dias, em consequência de uma doença ignóbil
que nos tira cada vez mais gente que amamos sem aviso prévio nem negociação.
Carme foi muito mais do que a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa
de Espanha; ela foi uma mulher ímpar, determinada, corajosa e com a clara noção
do que era essencial, importante ou apenas supérfluo.
Os seus derradeiros pensamentos (que fazem o seu caminho
pelas redes socais) servirão de farol a muitas mentes confusas ou indecisas.
Chamou-me a atenção este pequeno parágrafo sobre a maternidade, porque a maternidade
é para muitas mulheres pedra angular das suas vidas.
Muitas mulheres vivem angustiadas com a decisão/timing de
serem mães, pois percebem que serão prejudicadas profissionalmente, caso optem por seguir o seu
tempo em vez do tempo da empresa, do patrão ou do marido. Na verdade, quando a
questão é assim colocada já estão a ser prejudicadas, quanto mais não seja pelo
constrangimento à sua liberdade de escolha.
Como ninguém precisa de ser rico quando já é velho, também
a maioria das mulheres não precisa de ser mãe quando os outros lho concedem.
O emprego, a carreira é só o emprego e a carreira. Hoje ganhas
bem, tens estatuto e estás na mó de cima; amanhã acontece exatamente o oposto
sem que tenhas feito nada para merecer a desdita. Nessa altura, repara-se que
aquele esforço foi inglório, mas o facto é que o foi desde a coagida tomada de decisão.
Se o patrão ou o marido não percebem que o melhor momento
para alguém ser mãe é quando a mulher sente inequivocamente essa vontade e que
essa vontade deve ser respeitada, então o melhor é escolher outro emprego,
outra vida. Há altura certa para se viver a maternidade. Deixar passar esse
momento é uma amputação terrível que fazemos à nossa vida.
Claro que a vida está difícil, claro que é complicado encontrar
um emprego compatível com o nível de vida a que estávamos habituados, claro que
o mundo dos negócios não se compadece com “maternidades”, mas… claramente isto
tudo é muito pequenino face à importância de um filho no momento certo.
Se a maternidade completa
uma mulher, então ela não pode ficar adiada, porque a vida é muito mais do que um
cargo, um bom salário ou um agradecimento cretino.
GAVB
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